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[Produção textual] Como elaborar o parágrafo? – parte I

Uma das  principais  preocupações dos  alunos, ao receber como  tarefa a  elaboração de  um texto dissertativo,  é a  estruturação do parágrafo e  isso  vem acompanhado de diversos  mitos: “É verdade  que o parágrafo  só pode ter cinco linhas?”, “É verdade que  a  redação só  pode  conter três  parágrafos?”. Não, nada  disso  é verdade! A qualidade  do parágrafo está  relacionada  ao bom desenvolvimento das ideias. Neste  texto,  veremos  como  apresentar  o  tópico frasal.

Podemos  dizer  que  o  parágrafo  é um conjunto de  períodos, em que se  desenvolve uma ideia  central  aliada  a  ideias  secundárias (GARCIA, 2010, p.219). Embora  o senso  comum faça-nos pensar que existe um número ideal de linhas para a construção do  parágrafo,  cada  um deve “corresponder a cada uma [daquelas] ideias, tanto quanto  elas  correspondem às  diferentes partes que  o  autor  julgou  conveniente dividir  o  seu assunto” (Idem, p.220).  A  ideia  central  de  cada uma  dessas  unidades  será apresentada  em   um tópico frasal.

Os  diferentes  tipos de  tópico frasal 

1. Declaração inicial – O  autor afirma  ou  nega  alguma para,  em  seguida, justificar ou fundamentar  sua  declaração. Os  seus   argumentos  podem ser  apresentados  em forma de exemplos, confrontos, analogias.

A complexa relação entre Igreja e  política permite muitos olhares e  linhas  de pesquisa. Vamos nos deter no  quadro de referência mais amplo em que estas relações se desenrolaram, identificando focos históricos de tensão, cooperação e ruptura. Por  Igreja, no caso em tela, pelo menos  para todo o período  colonial, entende-se a Igreja  Católica Romana, enquanto por política pretende-se englobar tanto as  relações da  Igreja com a sociedade, quanto com o Estado e  seus agentes e  instituições, de modo mais direto.(BEOZZO, 1999, p.36)

O  autor  inicia  seu  parágrafo  com  uma declaração curta (“A complexa relação entre Igreja e  política permite muitos olhares e  linhas  de pesquisa”) e, aos  poucos, explica sobre o  que  será  o seu texto.

2. Definição –  O tópico frase  que  contém essa  característica  é  didático e  bastante  objetivo.

Fobia  escolar caracteriza-se  pelo  medo  intenso de  frequentar a escola, ocasionando repetências  por  faltas, problemas de  aprendizagem e/ou evasão escolar.  Quem sofre  de  fobia  escolar passa a apresentar diversos sintomas psicossomáticos e  todas as reações do  transtorno  do  pânico, dentro da própria  escola; ou seja,  a pessoa  não consegue permanecer  no ambiente onde  as lembranças  são traumáticas. (SILVA, 2010, p.26)

A  autora explicou, de   forma  bastante  didática e  objetiva o  que  se  entende por  fobia escolar.

3. Divisão – Este recurso apresenta  o  tópico frasal sob a forma de  divisão ou  discriminação das  ideias  a serem desenvolvidas.

O  silogismo  divide-se em silogismo simples e silogismo composto (isto é, feito de  vários silogismos explícita ou implicitamente formulados).  Distinguem-se  quatro  espécies de  silogismos compostos: […] (GARCIA, 2010,  p. 225)

4. Alusão histórica – O autor  pode mencionar  fatos históricos, lendas, tradições populares ou acontecimentos de  que  tenha sido testemunha. 

A expansão  marítima e o comércio fizeram de Portugal, na  época de Gil Vicente, uma  nação próspera. Por  outro  lado, essa prosperidade e  riqueza resultaram em  período de  megalomania, de ostentação, da  vida de aparências, da   busca do  enriquecimento fácil e  ilícito, se o  necessário  suor  do trabalho. (MAIA, 2008, p.5)

 Diversas  são as  maneiras   de  construir o tópico frasal.  A escolha será  feita de acordo com  as  ideias  a serem desenvolvidas.  O  nosso  próximo  texto sobre o parágrafo abordará  uma  outra  questão: como  fazer  o desenvolvimento?


Referências:

BEOZZO, J.O. Igreja e política Revista  História  Viva Temas  Brasileiros:   a igreja católica no  Brasil. São Paulo: Duetto, 1999, p.  36-43

GARCIA, O.M. Comunicação em  prosa moderna. 27.ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,  2010.

MAIA, J.D. Gil  Vicente:  crítico e  atual.  In: VICENTE, G. Auto da  barca do inferno. Farsa de  Inês  Pereira. Auto da Índia. São Paulo:  Ática, 2008. 

SILVA, A.B.B. Bullying:  mentes  perigosas  nas  escolas. Rio de  Janeiro: Objetiva, 2010.

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5 Comments

  1. Muito bem explicado cada tópico,tenho muitas dúvidas quanto a questão de textos dissertativos.Em breve terei uma prova de concurso incluindo redação.Parabéns pela matéria.

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Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

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