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Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, de Jarid Arraes [Resenha]

“Leia autores negros”: esse é o título de um dos capítulos do livro Pequeno manual antirracista, de Djamila Ribeiro. A cordelista cearense Jarid Arraes, na “orelha” de seu livro Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, declara nunca ter ouvido falar de uma “mulher negra que tivesse feito algo de importante na História”. O livro de Jarid é, como afirma, no prefácio, a professora Jaqueline Gomes de Jesus, um resgate da nossa história.

“Este não é um problema só dos negros, é de todos os brasileiros, que, ao menosprezarem a participação de uma parcela da população na construção desta sociedade, quem somos como brasileiros, também fraturam a sua própria tradição, preservam a própria alienação. Aos brancos que ignoram o racismo, resta gozar os privilégios decorrentes de sua cor de pele e traço anatômicos, em detrimento da vida, direitos e potencialidades das pessoas negras.” (Gomes, 2020, p. 9)

Durante muito tempo, eu pesquisei sobre literatura de cordel e sempre foi muito difícil encontrar autores negros no cordel. Autoras? Contei nos dedos! Certamente, os meus leitores mais antigos lembrarão que eu tinha um outro blog sobre o assunto e havia muito mais material sobre homens do que sobre mulheres. É o epistemicídio de que nos falam Djamila Ribeiro, Sueli Carneiro e Boaventura Sousa Santos ou, como diz Jarid no vídeo que está no fim da página, é o silenciamento da nossa cultura.

Na “orelha” do livro, a autora conta como surgiu a coletânea: ela, após iniciar uma pesquisa, a fim de resgatar suas origens afro-brasileiras, decidira criar uma coletânea intitulada Heroínas Negras na História do Brasil. Segundo ela, após quatro anos de pesquisa, viu a “coleção se tornar um sucesso estrondoso”.

A obra, como já anuncia o título, é composta por cordéis que narram a história de 15 mulheres negras: Antonieta de Barros, Aqualtune, Carolina Maria de Jesus, Dandara dos Palmares, Esperança Garcia, Eva Maria do Bonsucesso, Laudelina de Campos Melo, Luísa Mahin, Maria Firmina dos Reis, Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela, Tia Ciata e Zacimba Gaba. Além dos poemas, o livro contém uma rica bibliografia sobre mulheres negras e um espaço para que o leitor ou a leitora escreve seu próprio texto acerca de uma mulher negra que marcou sua vida.

No vídeo abaixo, a autora declama o poema sobre Dandara dos Palmares:

Se não conseguir visualizar o player, assista no YouTube.

Autora: Jarid Arraes

Ilustradora: Gabriela Pires

Editora: Seguinte

Dimensões: 21 x 12.2 x 1.4 cm

Páginas: 176

Confira a amostra neste link.

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3 Comments

  1. Amei este livro e dividi as histórias entre meus alunos onde pudemos conhecer todas as heroínas. Foi um trabalho fantástico para finalizarmos as atividades finais de 3° ano de Ensino Médio. Super indico esta brilhante escritora cearense que fez um riquíssimo e necessário apanhado literario.

  2. Sobre a postagem https://conversadeportugues.com.br/2016/02/gerundio-denuncia-espioes-brasileiros-voce-sabe-usar-essa-forma-verbal/, não entendi o uso do argumento “ação contínua”.
    De maneira análoga, a aula, do exemplo 1, não será infinita e nem encadeada a outras. O problema da oração usada no exemplo 2 está em “… nos próximos quinze dias.” Ficaria mais adequado se fosse “… em até quinze dias.” Dessa forma, o uso do gerúndio estaria totalmente justificado.
    A ação de entregar o cartão é concomitante, pois, a partir do suposto telefonema, várias ações serão tomadas concomitantemente até a entrega do cartão. Num exercício de consideração do contexto, o banco enviará apenas um cartão em um prazo e 15 dias e esse será o aspecto durativo da ação próprio do gerúndio.
    Ou seja, de fato, o problema não está no emprego do gerúndio.
    Abraço e sucesso.

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Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

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