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[Questões comentadas] UERJ 2020 – Exame discursivo

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro aplicou o primeiro exame de qualificação do Vestibular UERJ 2020 em 09 de junho de 2019. O vestibular da estadual do RJ é constituído por dois exames de qualificação (EQ) e um exame discursivo (ED). O segundo exame ocorreu em 15 de setembro e os candidatos preparam-se para o Exame Discursivo, que será realizado em 01 de dezembro de 2019, e é composto também por uma redação argumentativa. Neste post, analisaremos algumas das questões que compunham o exame UERJ 2019, aplicado 02 de dezembro de 2018. Nessa edição do Exame, a universidade usou como texto-base o romance O crime do padre Amaro, do escritor português Eça de Queirós.

Na apresentação das questões, utilizou-se o mesmo padrão de formatação da prova e todos os comentários foram elaborados com base no Padrão de Respostas oficial do concurso.

Questão 1

Em O crime do padre Amaro, Eça de Queirós tece duras críticas a alguns grupos da sociedade portuguesa de fins de século XIX. Identifique o grupo social que é alvo da crítica do autor no fragmento I. Apresente, também, um recurso expressivo empregado para construir a crítica pretendida, ilustrando-o com um exemplo extraído das falas do narrador.

Comentário: O candidato deve ler a questão atentamente e perceber que há dois itens do programa do vestibular cobrados nessa questão: interpretação de texto e figuras de linguagem. A primeira parte da questão refere-se a um grupo social criticado pelo narrador, o que pode ser respondido com “devotas”, “beatas” ou “burguesia beata”). Já a expressão recurso expressivo, presente na segunda parte do enunciado, indica que o candidato deve identificar recursos como as figuras de linguagem utilizadas no texto.

Nesse caso, o narrador usa a ironia em três trechos: “Todas se extasiaram” (l. 10); “uma autoridade quase eclesiástica” (l. 12-13); “A S. Joaneira recomeçou a glorificação de Amaro: a sua mocidade, o seu ar piedoso, a brancura dos seus dentes… (l. 22-23)”. A antítese é usada em “A S. Joaneira, radiosa, importante, recebeu-as no alto da escada, de mangas arregaçadas, nos arranjos da manhã” (l. 4-5). Outro recurso utilizado (embora não seja uma figura de linguagem) é a apresentação caricatural dos personagens em “e vindo para ela com o passinho miúdo, um gingar de quadris” (l.19-20) e “saracoteando-se, com um pigarrinho agudo, desceu a escada rapidamente, ganindo” (l.32).

Leia também para estudar:

O que é interpretação de de textos

ENEM 2017 – Questões comentadas: interpretação de textos

Questão 02

Ao outro dia, na cidade, falava-se da chegada do pároco novo, (l. 1)

Na oração acima, a forma verbal seguida da partícula se indica que o lugar sintático do sujeito está vazio.

Justifique o emprego dessa construção, tendo em vista a repercussão da chegada do novo pároco na cidade.

Em seguida, reescreva a oração citada, apresentando outra alternativa de expressão do sujeito que mantenha o sentido da construção original.

Comentário: Essa é uma questão que exige conhecimento sobre a estrutura do período e as diversas funções da partícula SE. Em “falava-se da chegada do pároco novo”, temos a partícula usada para indeterminar o sujeito; ou seja, não se quer ou não é possível identificar quem realizou determinada ação. O candidato também deve dizer que a construção produz um efeito de generalização sobre o agente da ação. Ao reescrever o trecho, o estudante pode optar por uma outra construção com sujeito indeterminado ou por outras com sujeito simples, cuidando para que seja mantido o sentido da frase original.

Possibilidades de reescritura:

• Ao outro dia, na cidade, falavam da chegada do pároco novo. • Ao outro dia, na cidade, todos falavam da chegada do pároco novo. • Ao outro dia, a chegada do pároco novo era falada na cidade

Link para estudar:

[Videoaula] O que são frase, oração e período.


Para conferir a prova completa do Exame Discursivo 2018 (Língua Portuguesa e Literaturas), acesse aqui o arquivo PDF disponibilizado pela universidade. Para acessar o Padrão de Respostas oficial, clique aqui.

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Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

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