Será que os nossos estudantes universitários são maduros quanto ao domínio da escrita? O livro Escrever na universidade ─ Fundamentos, de Francisco Eduardo Vieira e Carlos Alberto Faraco propõe essa reflexão e é o primeiro de uma coleção sobre práticas de letramento no Ensino Superior .
Francisco Eduardo Vieira, autor de A gramática tradicional: história e crítica, é professor da Universidade Federal da Paraíba, e Carlos Alberto Faraco, autor também de História Sociopolítica da língua portuguesa, é professor titular (aposentado) de Língua Portuguesa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e é reconhecido por suas pesquisas sobre Bakhtin, discurso, dialogismo, ensino de português e linguística e história do pensamento linguístico. Essa parceria resultou na Coleção Escrever na universidade, que será composta por “três volumes essencialmente práticos, mas sustentados em consistentes reflexões teóricas” (p.8).
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O primeiro volume da coleção é dividido em quatro unidades. Na primeira (“Escrever é diferente de falar”), os autores abordam fala e escrita como duas modalidades da linguagem verbal. Por meio da leitura, o leitor é conduzido a perceber algo muito óbvio, porém negligenciado na formação dos estudantes do ensino médio ao superior: a fala antecede a escrita na história da humanidade e também em nossas histórias pessoais. A primeira adquirimos naturalmente sem que ninguém nos ensine; a segunda é um processo que precisa ser aprendido. Uma vez que ─ ao contrário do que ocorre com a fala ─ a escrita não flui espontaneamente, esta demanda mais esforço e trabalho (p.15).
A segunda unidade (“Ler e escrever, escrever e ler”) trata leitura e escrita como atividades inter-relacionadas: construímos sentido por meio da leitura e escrevemos para um leitor presumido. Destaca-se a discussão dos autores acerca do problema das fake news: os pesquisadores abordam os conceitos de autoria, intencionalidade na escrita e como a produção escrita pode manipular comportamentos dos leitores.
A terceira unidade (“A escrita como espaço de variação”) traz importante questionamento: a escrita também varia? Seria ela um “espaço apropriado para o exercício da variação? Em que medida e de que maneira?”. Para o leitor não familiarizado com o conceito de variação linguística, o texto traz uma explicação bastante didática ao fazer com que o leitor reflita sobre situações reais de uso da linguagem oral e como alguns dos usos aceitos nessa modalidade seriam recusados na escrita, principalmente no ambiente escolar ou acadêmico. Para fundamentar essa unidade, os autores tratam das convenções de cada gênero textual e do grau de formalidade exigido pela situação em que o texto será apresentado.
A última unidade (“A escrita na universidade”) trata do letramento acadêmico: das funções da escrita na formação universitária ao processo de sumarização na elaboração de fichamentos e resumos. Nessa unidade, o leitor encontrará uma lista com cinco títulos sobre o ensino de gêneros acadêmicos.
Uma característica comum a todas as quatro unidades que compõem o livro é um breve exercício de leitura ou de escrita ao final de cada uma.
É uma obra que pode ser usada como material didático pelo professor universitário, que se dedica ao ensino de produção de texto.
Você pode conferir abaixo o bate-papo entre os autores e o editor Marcos Marcionilo.
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