Não existe redação “modelo ENEM”, modelo UERJ”

“Redação modelo ENEM”, “redação modelo UERJ”. Você comprou um curso com esse chamariz? Contratou uma aula particular para aprender os tais “modelos”? Eu não tenho outra maneira de lhe dizer isto: você pagou para ser enganado e, provavelmente, pagou caro! Lembra da aula sobre redação dissertativa, que você teve no Ensino Médio? Esse é o conhecimento básico necessário para produzir o seu texto em qualquer exame vestibular!

É um problema comprar um curso ou contratar um serviço para aperfeiçoar a sua escrita? É claro que não, mas você não pode se deixar enganar! O profissional (e verifique se é um formado em Letras!) ofereceu um curso sobre redação argumentativa? Ouça-o! Profissionais de Letras estudam, na graduação, diversos aspectos que envolvem a produção textual e continuam em busca de aperfeiçoamento. “Curiosos” repetem chavões, fórmulas mágicas e engasgam se confrontados com um “Por que tem de ser assim?”. “Curiosos” não conhecem a fundamentação teórica daquilo que ensinam!

O que me inspirou a escrever sobre isso foi o texto publicado, em 12/04, pela professora Margarete Pulido em seu blog Escreva Certo. Ela é especialista em ensino de produção textual para concursos e vestibulares, e já escreveu mais de 700 textos sobre o assunto. Em seu artigo “Redação modelo Enem, modelo Fuvest, modelo Vunesp…”, apresenta um problema que eu discuto há anos com os meus alunos:

“Não existem modelos de redação dissertativa para provas. Aceite esta realidade. Se no edital está escrito que você precisará escrever uma redação dissertativa, o modelo é redação dissertativa.” (PULIDO, 2021)

Os meus leitores sabem que sou professora de Língua Portuguesa há mais de duas décadas e que atuo também em pré-vestibulares comunitários desde a época da graduação. Assim como a professora Margarete, sempre dou um conselho aos meus alunos: leia os editais atentamente.

O INEP ─ instituição organizadora do Exame Nacional do Ensino Médio ─ disponibiliza uma cartilha com orientações sobre a redação no ENEM. Na página de apresentação do material, vê-se uma explicação muito clara sobre o que o candidato deverá fazer. Eu costumo dizer aos meus alunos que as páginas seguintes são quase um “curso” sobre redação argumentativa. Se as pessoas lessem a Cartilha…

Observe o conteúdo programático para Redação no edital UERJ 2021:

Destaco dois trechos do programa: “[…] o candidato deve redigir uma dissertação em linguagem formal“, “[…]O foco da redação é a discussão do problema apresentado“, “[…] A prova de Redação dá prioridade à capacidade de argumentação […]”. O isso significa? A banca da UERJ não pediu nada diferente daquilo que todo mundo já sabe acerca de uma redação dissertativa-argumentativa.

Há algo diferente na proposta de redação da UERJ? Sim, como você leu no conteúdo programático, o candidato é informado sobre o texto motivador ANTES da prova, assim como os estudantes inscritos para o FUVEST (São Paulo). Isso constituiu um “modelo de redação UERJ”? NÃO! No ENEM, conhecemos o tema da redação e seus textos motivadores na hora da prova. É um “modelo ENEM”? NÃO!

O que há em comum entre as orientações do INEP e as da UERJ? O candidato escreverá um texto dissertativo-argumentativo. Você mora em outro estado e vai fazer FUVEST ou algum outro exame vestibular? Leia o edital com atenção! É simples assim, sem enfeite e ─ como dizemos aqui no Rio de Janeiro ─ sem firulas!

Se não existem tais “modelos”, por que vemos tantos cursos, e-books, perfis nas redes sociais vendendo seus produtos com esse tipo de chamariz? Tenho uma opinião muito “dura” sobre isso e é com ela que eu abro a minha primeira aula no pré-vestibular em que sou voluntária. Imagine a seguinte situação: você é um estudante desesperado, pois foi convencido de que não é capaz de produzir um bom texto; eu apareço em alguma rede social e “vendo” a ideia de que você precisa aprender a fórmula perfeita para escrever a redação de determinado exame. Você comprará qualquer coisa que eu quiser lhe vender!

Confira o texto da professora Margarete AQUI.