Andréa Motta“Vou dar aula de literatura, porque é mais fácil do que gramática”: muitos anos atrás, eu ouvi essa frase de um colega. Ensinar literatura não é fácil, tampouco mais fácil do que ensinar gramática. São áreas de conhecimento diferentes e, portanto, demandam metodologias diferentes. Sou professora de uma disciplina intitulada “Formação do leitor e letramento literário” no curso de Pós-graduação Lato Sensu em Estudos Linguísticos e Literários, oferecido pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro desde 2019. Os meus alunos, assim como eu, são profissionais de Letras e atuam na Educação Básica. Uma das principais dúvidas sobre o ensino de literatura é como transpor para a sala de aula todo o nosso saber teórico. Por essa razão, eu separei duas sugestões de livros, que podem ajudar professores na elaboração de suas aulas.
1. Ensinando literatura: a sala de aula como acontecimento
Neste livro, Fabio Akcelrud Durão e André Cechinel abordam aquilo que eles chamam de “crise no ensino de literatura”. Perda de espaço nos currículos escolares; ensino pelos estilos de época, não pela leitura das obras e a abordagem da literatura pela academia são alguns dos pontos tratados em “Ensinando literatura: a sala de aula como acontecimento”. Um dos muitos questionamentos dos autores é o equívoco e transformar a aula de literatura em aula sobre Teoria Literária ou sobre História da Literatura.
No limite, estudar um texto qualquer apenas para enquadrá-lo num determinado estilo de época ou numa série de atributos autorais, por mais instigante que possa parecer, não deixa de ser uma operação paradoxal, pois é justamente o literário que desaparece de imediato sob os efeitos das manobras classificatórias. Toda obra que vale a pena, quando olhada de perto, prova ser capaz de fazer tremular a arquitetura explicativa que sobre ela paira quando do início da leitura, e é esse objeto instável e rebelde que o livro didático e os manuais práticos propõem-se a capturar sob a regularidade de uma proposta metodológica. (DURÃO e CECHIMEL, 2022, p. 73)
O leitor não deve esperar um manual de instruções a ser executado em sua sala de aula, mas uma obra que o ajudará a refletir sobre as suas práticas.
Ensinando literatura: a sala de aula como acontecimento
Autores: Fabio Akcelrud Durão e
André Cechinel
Editora: Parábola Editorial
143 p.
Para adquirir, acesse o site da editora neste link.
2. Leitura de literatura na escola
Maria Amélia Dalvi, Neide Luzia de Rezende e Rita Jover-Faleiros são as organizadoras desta obra composta por oito capítulos escritos por pesquisadores de diversas instituições.
Chama especial atenção o capítulo “O que ler? Por quê? A literatura e seu ensino”, de José Helder Pinheiro. O professor, que também é autor de Poesia na sala de aula, propõe uma reflexão acerca do uso da literatura de cordel, articulada com obras da literatura canônica.
Pesquisas de caráter intervencionista realizadas com folhetos de cordel (com alunos do ensino fundamental e médio) e com sextilhas isoladas (com crianças das primeiras séries do ensino fundamental) mostram que há um espaço para vivenciar os folhetos no espaço escolar e que eles podem contribuir decididamente para a formação de leitores. (PINHEIRO, 2013, p. 41)
No canal da Parábola Editorial, há um minicurso ministrado pelas organizadoras. O espectador pode solicitar certificado de conclusão por meio de link disponibilizado no vídeo da quinta aula:
Leitura de literatura na escola
Organizadoras: Maria Amélia Dalvi, Neide Luzia de Rezende, Rita Jover-Faleiros
Editora: Parábola Editorial
161 p.
Para adquirir, acesse o site da editora.
Leia mais no blog:
Ensino de língua e de literatura na perspectiva dos letramentos
Sobre Álvares e Machado: é preciso repensar o ensino de literatura?
