Como lida o professor com as diferenças linguísticas que chegam à sua sala de aula? Como se prepara o docente para não ser ele mesmo agente de preconceito linguístico? A Parábola Editorial criou o selo Parábola e-formação, voltado para estudantes e profissionais de Letras, Linguística e Pedagogia. O primeiro curso do projeto é Variação linguística e ensino, proposto pelo professor Marcos Bagno, e o objetivo é, segundo o linguista, orientar os professores acerca do combate ao preconceito linguístico e à discriminação em sala de aula.
Eu me graduei em Letras em 1997 e não me lembro de ter estudado Sociolinguística em nenhum momento do meu curso. Antes mesmo de ler Sete erros aos quatro ventos, do professor Marcos Bagno, eu já havia percebido quantos equívocos a respeito das variações linguísticas há nas coleções de livros didáticos sugeridos no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), e como isso afeta as aulas de língua portuguesa (Ou seria melhor dizer português brasileiro?). Discussão semelhante aparece também no sexto capítulo de seu livro “Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística”, em que o autor reconhece que os “livros didáticos de português deram um espetacular salto de qualidade” (p. 119) desde a instituição do PNLD, mas enfatiza a falta de uma base teórica consistente em sua elaboração.
Eu não uso livro didático e, se não estou enganada, meu primeiro contato com o tema variação linguística foi a leitura de “Preconceito linguístico: o que é e como se faz”, do mesmo autor. A partir daí, comecei a montar um acervo capaz de me dar suporte teórico de qualidade para trabalhar direito o assunto com os meus alunos. Obviamente, essa lista continha muitos livros do professor Bagno. Em 2008 e nos quatro ou cinco anos seguintes, adotei “A língua Eulália: uma novela sociolinguística” nas minhas turmas do primeiro ano do Ensino Médio (sem a chatice de fazer prova sobre o livro, é óbvio!). Variação linguística e ensino é também uma chance de atualização sobre esse tema, que precisa ser discutido na formação inicial em Letras, nas diversas licenciaturas e nas turmas da Educação Básica.
O curso, oferecido na modalidade EAD, é composto por cinco aulas, que incluem um vídeo e e um arquivo em PDF: Variação linguística, Mudança linguística, Consequências, Variação e Ensino e O que ensinar. Destaco especialmente o último módulo que responderá à pergunta “O que ensinar na escola?”. Nele, Bagno afirma que “a escola é o lugar onde aprendemos o que não sabemos”, o que me fez lembrar de um trecho do livro “Não é errado falar assim!”:
Todos os aprendizes devem ter acesso às variedades urbanas de prestígio, não porque sejam as únicas “certas” de falar e de escrever, mas porque constituem, junto com outros bens sociais, um direito do cidadão, de modo que ele possa se inserir plenamente na vida urbana contemporânea, ter acesso aos bens culturais mais valorizados e dispor dos mesmos recursos de expressão verbal dos membros das elites socioculturais e socioeconômicas (p. 38).
No mesmo módulo, há um material em PDF com indicações de leitura e sugestões de outros vídeos sobre os temas variação linguística e preconceito linguístico.
O acesso ao material é vitalício e o participante recebe um certificado assim que completa 100% das aulas. Para obter outras informações e se inscrever no curso, acesse a página oficial no Hotmart.
Referências:
BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola, 2007.
_____. Não é errado falar assim: em defesa do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2009.
______. Sete erros aos quatro ventos. São Paulo: Parábola, 2013.