Dicas para professores

[Dicas para professores] 5 dicas de uso do celular na sala de aula

“Eu permito  que  vocês usem o celular na aula”: foi  uma das minhas  frases de apresentação no  meu  primeiro dia  letivo deste ano. Os alunos  olharam-me  surpresos; outros pegaram  logo o aparelho  para usar o Whatsapp. Reações completamente normais, se considerarmos  que  nossa sociedade ainda se espanta  com o uso dos aparelhos  na  escola. Não  apenas se  espanta, como  também proíbe seu uso! Como usar esse tipo de tecnologia sem que a turma inteira perca o foco?

No  Rio de  Janeiro,  a Lei Nº 5222, de 11 de abril de 2008, dispõe sobre a proibição do uso de  celulares nas escolas estaduais;  em  2009, a  lei  foi  alterada para incluir  também outros  aparelhos  sonoros. Em uma pesquisa rápida no  Google, é  possível  observar  que  vários estados  adotaram  a mesma medida: o celular   está proibido,  “salvo com autorização do estabelecimento de ensino, para fins pedagógicos”. Na época, escrevi  sobre o  assunto em  um outro  blog e  fui muito enfática ao  dizer que “quem define o  que  é  ou  não  pedagógico na minha sala de  aula sou  eu. Ponto final!”.

Foto de Gijsbert van der Wal

Em 2015, a  imagem acima  circulou  pela  internet.  Eu recebi textos  até  de  colegas furiosos com  a  falta de interesse dos  jovens. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a foto — tirada em 2014 — foi compartilhada 9.500 vezes.    Ninguém imaginou  que  o grupo poderia ser uma turma de alunos em um  passeio pedagógico com o  professor de  História da Arte! Ninguém  imaginou que  o  tal  profissional talvez tenha  pedido, ali  mesmo,  uma pesquisa sobre a tela do  fundo (Ronda Noturna, de Rembrandt). Ao  procurar a foto acima,  encontrei essa abaixo:

Lamento, mas  eu  discordo:  aluno  nota 10 para mim é  aquele  que demonstra empenho!

De que modo os aparelhos  móveis  podem  ser aliados do professor?

A questão aqui  é: se você  não quer que a turma acesse as redes sociais — e até  elas podem ser usadas com fins pedagógicos —, não espere todo mundo se dispersar! Defina as regras do  jogo logo no  primeiro dia de aula!

Usar a  agenda do  telefone  pode ser  uma boa  solução  para  evitar que  os  alunos  esqueçam datas  importantes. Todos os  smartphones  vêm com  um calendário que pode ser configurado para disparar alertas, a fim de que  o usuário realize alguma tarefa.  Os  aparelhos com o sistema Android,  por exemplo,  já têm disponível o pacote de produtos  Google, que  inclui  Agenda, Google  Drive, Maps, YouTube e Hangouts.  Os  celulares configurados com outros  sistemas  operacionais também oferecem produtos semelhantes. O professor  pode incentivar os alunos  quanto ao uso da agenda para que eles não percam datas de avaliações, saídas de campo e eventos da escola.

A turma  pode  usá-lo para  fazer pesquisas  durante  aula,  enquanto resolve algum  exercício dado pelo  professor. A maioria dos smarts têm sistema  de busca. Na aula de língua portuguesa, serve até  para  pesquisar os significados de  palavras desconhecidas. Eu  já   fiz  isso!  Quando dei a tarefa  de  produzir  um conto  a partir de uma imagem do  século XIX, muitas  dúvidas surgiram: como  era  a cidade naquela  época? Que tipo de veículo  era usado?  Como  eram  as  roupas? Deixei  que os  alunos  usassem  seus  telefones para  fazer a pesquisa na hora! Confira meu  texto O conto como  produção textual.

Na aula de  língua portuguesa, usamos   uma quantidade absurda de papel, pois sempre  pedimos a  leitura de muitos  textos.  Eu estou me esforçando  para resolver esse problema de um jeito  prático: troquei os   livros  por  arquivos em  PDF. No  primeiro dia de aula, falei  as  razões aos  alunos e expliquei  que  só distribuirei nesse formato os textos de  autores  cujas  obras encontram-se em  domínio público (De acordo com a  legislação brasileira, enquadram-se  nesse critério as  publicações de escritores mortos há, no mínimo, 70 anos). Aproveitei a  ocasião para debater sobre direitos  autorais.

Mostre que os  alunos  podem, sim,  filmar  e fotografar as atividades de  aula, mas  ensine a  fazer isso direito!  Do mesmo  jeito que você usa  a câmera do celular  para  registrar  as  festinhas  de aniversário da família, as fofuras do  gatinho e dos  afilhados, o  seu  aluno também  sabe usar a  câmera do  celular! O  que  ele talvez não saiba é  que publicar  fotos e  vídeos  de alguém  sem  autorização  é violação de direito de  imagem!  Peça  à  turma que entreviste algum professor da escola,  o guia de  uma visita técnica; solicite que  registrem imagens de lugares  visitados; promova uma exposição fotográfica ou  uma  mostra de filmes feitos por  eles. No  final de  2016,  eu  pedi aos  meus alunos que  produzissem documentários sobre a cultura afro-brasileira. Eles  nunca fizeram nada parecido, mas o  resultado ficou excelente e  será  apresentado daqui a  alguns dias em  um evento da escola.

O  aluno esqueceu o  caderno?  Vocês foram a  um passeio pedagógico e  ninguém levou papel para anotar nada? Deixe  que  usem o  bloco de notas. Procure aí em  seu celular; o  seu aparelho deve ter um aplicativo  chamado Notas ou  algo  parecido. Se  não tiver, faça uma  busca na  loja de app do seu  celular (Play Store,  Apple Store  etc)  e  incentive a turma a fazer o  mesmo. Esquecer  o  caderno em  casa não  é  mais  motivo  para perder a  matéria da aula!

Gostou das dicas?  Baixe o  infográfico completo. Clique na imagem!


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2 Comments

  1. Bom dia
    Gostei das dicas! Tenho procurado fazer algumas adaptações com relação ao celular em sala e uma delas foi a consulta a dicionários e deu certo.No entanto, os próprios alunos, alegam a falta de créditos para o acesso a internet. Isso é um uma outra volta.
    Concordo que temos que nos adaptar a essas ferramentas e não só abrir uma frente de luta contra.
    Valeu!

    1. Oi, Jussara. Obrigada pela visita e pelo seu comentário.
      De fato, a parte técnica é um problema que precisa ser resolvido. Na instituição em que leciono, embora seja pública, os alunos têm acesso à rede sem fio, o que facilita muito nosso trabalho com as tecnologias digitais.

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Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

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