Já dissemos no blog que a “coesão textual é como uma corrente ou a costura de um tecido” e observamos, em um texto de Monteiro Lobato, os elementos utilizados para estabelecer as relações textuais. No texto de hoje, veremos alguns recursos que podem ser utilizados.
Muitas vezes, o texto escrito reflete alguns vícios da linguagem oral; um deles é a repetição, que pode ser evitada por meio de mecanismos coesivos. Hoje, veremos a referência e a elipse. Koch (2013) explica que o primeiro tipo é “aquele em que um componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) nela presentes ou inferíveis a partir do universo textual” (p. 31). O segundo caracteriza-se pela omissão “de um item lexical, uma oração ou todo um enunciado, facilmente identificáveis pelo contexto” (p. 21).
Veja abaixo alguns exemplos:
1. Referências
São referenciais os elementos linguísticos que não podemos interpretar isoladamente. Eles remetem a outros elementos do discurso necessários à sua compreensão. Os referentes podem estar relacionados a uma situação comunicativa (fora do texto) ou a a algo expresso no texto lido. Observaremos abaixo um exemplo de referência anafórica ─ o referente foi apresentado antes do item coesivo.
Apesar do nome, não estamos nos referindo à figura de linguagem que se caracteriza pela repetição da mesma palavra no começo de cada um dos versos ou parágrafos (Como demonstramos no texto Mina do condomínio.). Nos estudos sobre coesão textual, a referência anafórica é compreendida como o uso de sinônimos ou expressões equivalentes em substituição a elementos já conhecidos pelos leitores. Há, ainda, catáfora ─ quando o referente sucede o elemento coesivo:
2. Elipse
Aqui no blog, já falamos da elipse como uma das figuras de linguagem ─ uma perspectiva estilística do que normativa. Assim, como nos lembra Antunes (2005), as gramáticas e os livros didáticos não abordam a sua função coesiva. Como recurso coesivo, é uma estratégia para omitir um termo, uma expressão ou mesmo uma frase inteira já expressos em outro ponto do texto.
Por que insistimos tanto em abordar o assunto coesão? Porque fomos (mal!) educados para pensar que a qualidade do texto pode ser reduzida a questões de “certo e errado” (um conceito, aliás, bastante discutível do ponto de vista linguístico). Compreendemos que a correção gramatical (entendida pelo senso comum como noções de ortografia e afins) não pode ser a única preocupação para a escrita de um bom texto.
Leia também:
Referências:
AMADO, J. Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
ANTUNES, I. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005.
CASCUDO, L.C. O fiel Dom José. Contos tradicionais do Brasil. 13.ed. São Paulo: Global, 2004.
KOCH, I.V. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 2013.
Eu agradeço. Abraços
Interessante
Alberto, obrigada pela visita e pelo comentário!
Estou chegando agora também, essa duvida ja foi solucionada.. outras virão!! Kkkk
Ola, boa tarde a todos posso fazer parte dessa sala de aula?, espero que sim pois estou chegando hoje por aqui.
Marcos, nesta sala de aula cabe todo mundo! Seja bem-vindo!
me tirou muitas dúvidas !!
Lethicya, Edilson e Samuel, obrigada pela visita e pelo comentário.
Obrigado por elucidar-me tão pertinente assunto. Supimpa!
Eu achei bastante pertinente as dicas e o posicionamento da professora, um bom texto é formado, por um conjunto técnico de especificidades e não só por um posicionamento
Ótimo!