Pizza delivery, restaurante self service, lanchonete fast food: tudo isso agora é proibido, de acordo com uma nova lei em vigor no município do Rio de Janeiro. A ideia é do vereador Roberto Monteiro (PC do B), que considera prejudicial o uso de palavras estrangeiras nos textos publicitários. A Lei 5.033, engavetada desde 1999, foi sancionada pelo prefeito Eduardo Paes no dia 20 de maio.
Não é a primeira vez que um movimento contra os empréstimos linguísticos surge no Brasil. No final do século XIX, uma campanha contra os anglicismos e os galicismos (palavras emprestadas do inglês e do francês, respectivamente) tomou conta dos jornais da época; no século XX, a Comissão de Constituição e Justiça aprovou, em 2007, a lei que proibia o uso de palavras estrangeiras no comércio. O idealizador do projeto, o deputado Aldo Rebelo, argumentava que a intenção era valorizar e difundir a língua portuguesa.
Aqui mesmo no Conversa de Português já foi publicado um outro texto sobre estrangeirismos em resposta à pergunta de um leitor. Na ocasião, discutia-se os cuidados para não usar excessivamente palavras estrangeiras e a maneira de indicá-las no texto. Apesar de todos os cuidados e apreço pela língua portuguesa, não se pode negar que não existe língua alguma sem influência estrangeira: é uma questão cultural e é assim que as línguas evoluem – empréstimos são, sim, considerados uma evolução linguística. Como seria a língua portuguesa se os portugueses não tivessem se encontrado com os mouros? O que seria a língua falada no Brasil se não fossem os empréstimos tomados dos diversos dialetos tupi? Como seria a nossa língua se ela não se houvesse misturado aos falares africanos? E os vocábulos que pedimos emprestados aos italianos, franceses, alemães e todos os outros que ajudaram a fazer o Brasil? E antes de tudo isso: o que seria do latim se não tivesse se encontrado com o grego?
Antes mesmo de condenar o uso das palavras estrangeiras, é preciso refletir sobre o que provocou o contato da língua portuguesa com as outras. Cinco séculos de presença árabe em Portugal nos legaram cerca de 2% do nosso vocabulário: açougue, açúcar, almofada, alcachofra, azeite,alfaiate são palavras de origem árabe. Questões históricas e comerciais propiciaram o contato entre a língua inglesa e a portuguesa. A soberania econômica americana provocou mudanças de hábitos, trouxe-nos novas tecnologias e obrigou-nos a importações de bens, serviços e vocabulário; nada diferente do que já havia acontecido no século XIX, quando a França era nosso modelo econômico e cultural.
Opa Andrea,
Tão ruim quanto usar estrangeirismo desnecessários é usar termos inadequados quando existem vocábulos mais adequados. Um que me espanta é o tal do "postar no blogue" quando o mais adequado seria "publicar no blogue", conforme se verifica consultando um dicionário:
Postar = v. tr.,
pôr (alguém) num lugar ou posto;
colocar; v. refl.,
pôr-se de vigia;
colocar-se, permanecendo muito tempo no mesmo lugar; ant.,
compor, fabricar, reparar.
Publicar= v. tr.,
tornar público;
levar ao conhecimento do público;
vulgarizar;
anunciar;
dar à estampa;
editar;
proclamar;
divulgar pela palavra. Acho que postar é a opção dos colonizados!
http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx
Postar e postagem são "aportuguesamentos porcos" do termo (sequer traduziram!)
Claro, é só minha opinião 🙂
abração e parabén pelo blogue 🙂