Língua Portuguesa

Emprego dos pronomes relativos – norma e uso

Os pronomes relativos são assim chamados porque se referem, geralmente, a um termo antecedente (Com  exceção do  relativo  CUJO, que  se  refere  a um   termo que o  sucede).  Você quais são  e como usá-los?

relativos
I.     Sobre  os  antecedentes  do pronome relativo

O  antecedente do  pronome relativo pode  ser:

  1.  um substantivo: Aquela é  a moça de quem falei.
  2. um pronome: Foi ela quem chamou.
  3. um adjetivo:
  4. um advérbio: , onde Marina mora,  é  um lugar belíssimo.
  5. uma  oração (geralmente uma  oração resumida pelo pronome demonstrativo o): O júri inocentou  o  réu, o  que  não  surpreendeu  ninguém.
  6.  Emprego  dos pronomes relativos
QUE

Que é o principal pronome relativo. Usa-se em referência a pessoa ou coisa, no singular ou no plural. Pode iniciar orações adjetivas restritivas ou adjetivas explicativas. Ex.: Quem é aquele que vem ali?

QUAL

O qual – Nas orações adjetivas explicativas, substitui  que e  serve para enfatizar  o  antecedente  ou  melhor  explicitá-lo .Ex.: Conheci o  escritor e sua esposa, o qual, certa vez, veio à nossa escola.

QUEM

Emprega-se com  referência apenas a  pessoas e coisas personificadas.  Ex.: A moça  com quem   falei é  irmã do meu amigo.

CUJO

Cujo estabelece uma  relação de  posse entre um elemento da  oração  e o  termo  que o sucede. Concorda em  gênero e   número  com a  “coisa” possuída. Ex: Os livros  cujo  autor   virá   nos visitar   foram   todos  vendidos.

Erros no emprego de CUJO: Constitui erro empregar cujo como sinônimo de o qual, os quais, as quais (Aqui está o  livro cujo livro compramos) e precedido ou seguido de artigo (Esta  é a menina  cujo o  pai veio à escola. Este é  o  autor  à cuja obra  te referiste.)

QUANTO

Quanto tem  como antecedente os  pronomes  indefinidos tudo, todos (ou todas),  que podem  ser  omitidos.  Ex.: Tudo quanto lhe  falei  era   verdade.

ONDE

Em lugar de em que, de que, a que, nas referências a lugar, empregam-se respectivamente, onde, aonde, donde (que funcionam como adjuntos adverbiais). Sugere-se o uso de onde quando há ideia de repouso e aonde quando o verbo sugere ideia de movimento.  Ex.: O colégio onde estudas é bom?. O lugar onde moro.  A loja aonde  irei é nova.

Os professores Celso Cunha e Lindley Cintra,  em  seu  livro  Nova gramática do  português contemporâneo, lembram-nos de que, embora a gramática tradicional estabeleça, na língua culta contemporânea, diferenças entre onde (= o lugar em que) e aonde (= o lugar a que), tal distinção  nem sempre pode ser observada nos clássicos. Já o  professor  Marcos  Bagno, ao  observar aquilo que de fato  é  mais usado  pelos falantes brasileiros de qualquer classe social,  diz que “além do declínio […] do  uso da preposição a, podemos lançar a hipótese de que o  verbo  ir tem uma carga semântica de [movimento na direção de] tão  forte que nas interrogações  e nas orações relativas a preposição  pode muito bem ser dispensada”. Por esta razão, é  comum observarmos construções como  “Onde você vai?” ou ” A casa onde ela  foi”, em lugar de  “Aonde você vai?” e “A casa aonde ela foi”.

Leia também:

Emprego dos pronomes demonstrativos

Referências:

BAGNO, M. Não  é errado falar assim – em defesa do  português brasileiro.  São  Paulo: Parábola, 2009.

CUNHA, C; CINTRA, L. Nova gramática do  português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro:  Lexikon, 2008.

Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

Artigos relacionados