O professor de Língua Portuguesa sempre ouve alguém dizer que “se uma palavra não está no dicionário, é sinal de que ela não existe”. A teoria é falsa e só demonstra o quanto precisamos aprender sobre mudança da língua (qualquer língua!).
Há alguns dias, eu e meus alunos debatíamos sobre o processo de formação das palavras e nos perguntávamos por que algumas palavras são dicionarizadas e outras não, por que umas formas são aceitas naturalmente e outras são recusadas. Foram os meus alunos que lembraram do mau hábito de algumas pessoas acharem que a palavra só existe se estiver registrada no dicionário e citaram exemplos como deletar, tuitar, blogar e outras recém-criadas pelos internautas. Eu, como sempre, lembrei-lhes que a língua oral é mais dinâmica do que qualquer gramática ou dicionário. Um dos meninos fez-me a seguinte pergunta: “Mas, prof… (Eles insistem em dizer “prófi”) Como uma palavra vai parar no dicionário?”
Chamamos léxico ao conjunto de palavras de uma língua, dicionarizadas ou não. A Lexicografia é o campo de estudos responsável pela elaboração dos dicionários. A Academia Brasileira de Letras apresenta a seguinte definição: “Por lexicografia se entende a arte de fazer um dicionário e por lexicologia a ciência que estuda e descreve o léxico de uma língua.”
A inclusão de determinada palavra em um dicionário ocorre se esta respeitar as regras ortográficas e morfológicas da língua. Outro fator importante para a inclusão é a aceitação da nova palavra pela comunidade. O que temos visto, nos últimos anos, é a crescente criação de palavras – neologismos – ou aportuguesamento de termos próprios da internet. A nova edição do Dicionário Aurélio já inclui essas inovações vocabulares, assunto que já foi abordado pela professora Natália Prado em seu texto Eu tuito, tu tuitas, o Aurélio tuita, no blog Observatório Linguístico.
(Atualização: o link para o texto foi retirado, pois a professora citada excluiu o blog.)
Oi o meu nome é Erik Miller, eu gostaria de registrar e patentear a palavra “malaumado”
Tem o mesmo significado de desalmado
mas tem uma pequena modificação, tirando o “des” e pondo “mal”
Mas eu gostaria de Patentear a e registrar de origem mineira.
“Malaumado”
Oi, Erik. Eu não consegui entender qual é a sua dúvida. Nomes de marcas não precisam seguir ortografia vigente.
Olhando pra minha filhinha de 07 aninhos, eu disse:
” Você é muito beijosa e abraçosa”.
Gostaria de assumir a autoria destas palavras e consequentemente registrá-las, é possível?
Djalma, como você viu, o meu texto é sobre como as palavras, usadas por uma comunidade linguística, são catalogadas e registradas nos vocabulários ortográficos e dicionários. Nenhuma relação tem com registro de autoria.
Os dicionários são lerdos para registrar as palavras de modo geral, não apenas os neologismos mais recentes. Dias atrás, descobri, com surpresa, que palavras como “triúno” e “apologeta”, que são usadas há décadas, não estão nos dicionários. Outra raiva que dá é que os dicionaristas gastam páginas e páginas para registrar palavras como “chão”, “porta”, “parede”, cujo significado todo mundo conhece, e deixa tantas outras tão necessárias de fora. Lerdo!