Em 1664, Molière lançou Tartufo, uma obra cômica de crítica à Igreja Católica. Após a primeira apresentação, o dramaturgo foi acusado de libertinagem por um sacerdote de nome Roullè, uma vez que ousara mostrar a Igreja de forma depreciativa. A confraria do Santo Sacramento, por sua vez, considerou que a peça atentava contra a moral e os bons costumes, além de ofender as classes religiosas. O que havia, afinal, em Tartufo, a ponto de provocar a ira dos clérigos?
Tartufo ou O Impostor é uma peça em cinco atos. Seu protagonista personagem-título é um falso devoto que se hospeda na casa de Orgon, um homem ingênuo e de grande ardor religioso. De acordo com a nota de rodapé, publicada na edição usada neste post,o nome Tartufo significaria “mentiroso, charlatão”.
Tartufo é um religioso hipócrita que, por conta de sua “generosidade” e “pureza de alma” encanta a família que lhe hospeda. Ao longo da peça, o personagem é desmascarado e atrai a repulsa de alguns moradores da casa. O filho de Orgon vê nele um oportunista , a criada o repudia, mas o dono da casa tem nele total confiança. Alguns críticos viram nessa admiração cega de Orgon um índice de homossexualidade, o que certamente provocou a ira da Igreja quando a peça foi encenada pela primeira vez.
A edição da Martins Claret contém três prefácios. O primeiro apresenta um breve biografia do autor e o resumo da obra; o segundo, assinado por Robert Jouanny aborda o contexto histórico no qual dramaturgo estava inserido e a análise dos personagens da peça. Por último, o terceiro prefácio é a cópia do texto escrito e publicado por Molière em 1669. O documento é interessante também por conter as petições apresentadas ao rei da França, solicitando a permissão para que a peça fosse encenada.
“Tartufo extrai da devoção, com maestria, todo o proveito que pode tirar: a consideração tola dos devotos sinceros e míopes, o apoio incondicional dos Confrades que confundem sua causa com a de Deus e, principalmente, os hábeis subterfúgios para acomodar-se com o Céu.” (JOUANNY, p.34, 2003)
Para o leitor que deseja ter acesso aos prefácios recomendamos a versão impressa da Editora Martins Claret, que pode ser encontrada na Amazon (https://amzn.to/2pRXlw6)
Referência bibliográfica:
JOUANNY, R. A gênese da comédia Tartufo. In: MOLIÈRE. Tartufo. São Paulo: Martins Claret, 2003, p . 27-37.
A diferença entre o gênio e os mortais está em que os pensamentos passam os séculos, como atualidade constante. A peça de Tartufo de Molière é um claro exemplo disso, escrita em 1664, uma crítica à igreja, católica, mas que extensiva a todas as igrejas, seitas, etc, que fazem pessoas de boa-fé imbecis, idiotas com um potencial bem maior por conta das televisões que se prestam a expandir falsos milagres, curas impossíveis. A rede social pode também desmoralizar esses Tartufos.
Interessante como a história se repete…no século 21 temos muitos Tartufos. Tartufo que agora querem o poder.
Interessante…como a história se repete. Explorador da fé alheia, mentiroso, enganador….lembra quem mesmo??? Edir Macedo, Malafaia, Santiago, Feliciano, casal Hernandes e muitos outros… Não, Tartufo não era assim tão perverso como os nossos tartufos que querem mais e sempre mais.
gostei muito, li por sua indicação e virei seu fã…