Uma das atividades que um estagiário de uma Licenciatura pode realizar é co-participar em alguma aula. Para isso, juntamente com o professor da disciplina,o estagiário idealiza uma aula, constrói e separa os materiais que serão utilizados nela, a co-organizando como um todo e, por fim, a aplica.
Durante meu período de estágio no IFRJ – Campus Nilópolis, realizei uma co-participação em uma das turmas ministradas pela professora Andréa Motta. Como a turma estava estudando sobre o Trovadorismo, nós organizamos uma aula sobre uma espécie de regimento para as relações amorosas chamado de Código de Amor Cortês.
O Código de Amor Cortês é um estatuto que surgiu durante o período do Trovadorismo (datado nos séculos XII, XIII e XIV na Península Ibérica e no sul da França) e diz respeito às leis que regem a forma de amar e de demonstrar sentimentos pelo ser amado.
Na poesia trovadoresca, observamos as cantigas de amor e a maneira de escrever sobre o sentimento, na qual o trovador expressa seu afeto à mulher amada, mantendo sua identidade em sigilo e devotando a ela todo seu amor e servidão, que pode ser caracterizado como vassalagem amorosa.
O desejo do trovador é baseado na falta da amada, pois o amor não é correspondido. São inúmeras cantigas sobre como a dama misteriosa possui uma beleza divina e uma personalidade tão singular que a torna única no mundo e merecedora de todo o amor que o trovador tem em si.
À medida em que íamos apresentando na aula o Código de Amor Cortês, os alunos contribuíam com suas opiniões a respeito das leis, achando algumas absurdas até para aquela época e considerando algumas aplicáveis nos dias de hoje. Com isso, eles pensaram em como seria um Código de Amor Cortês na Modernidade, tendo a tecnologia, as redes sociais e as maneiras nas quais elas se misturam com as novas formas de se relacionar na sociedade presentes no “novo estatuto”.
Também mostramos como algumas canções até hoje trazem em si concepções convergentes desse amor cortês, dentre elas, Anna Julia da banda carioca Los Hermanos, que apresenta toda uma servidão e adoração por parte de um trovador moderno que sofre por não ter a amada. A única contradição com o código medieval é que na música a identidade da dama é revelada.
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Confira o que já publicamos sobre possibilidades de abordar o Trovadorismo:
Trovadorismo – a atividade dos alunos
Graziele Soares é aluna do Mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e é a nova colunista do Conversa de Português.
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