O dia 8 de março foi instituído como Dia Internacional da Mulher pela Organização das Nações Unidas, em 1975, embora a data já fosse assim conhecida desde 1910. Ao contrário do que se pensa, esta não tem a conotação festiva que lhe atribuem hoje; ela surgiu como uma maneira de manter viva história das 130 operárias assassinadas em 8 de março de 1857, em uma uma fábrica nova iorquina. Neste texto, mostraremos como a data foi criada e homenagearemos algumas das mais importantes escritoras brasileiras.
Naquela data, as operárias entraram em greve a fim de protestar contra as péssimas condições de trabalho a que estavam submetidas: recebiam apenas um terço do salário pago aos homens e eram obrigadas a cumprir uma jornada de 16 horas diárias de trabalho. A polícia reprimiu violentamente a manifestação trancando as tecelãs dentro da fábrica e, junto com os proprietários, atearam-lhe fogo, o que resultou na carbonização daquelas mulheres.
Em 1908, um movimento similar àquele agitou as ruas de Nova Iorque novamente: 14 mil mulheres marcharam pelas ruas da cidade reivindicando melhores condições de trabalho e direito ao voto. Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulheres, realizada na Dinamarca, foi proposto que o dia 8 de março fosse declarado Dia Internacional da Mulher em homenagem às operárias de Nova Iorque. A partir de então esta data começou a ser comemorada no mundo inteiro como homenagem as mulheres.
Na literatura, as mulheres também demoraram a conseguir algum reconhecimento. Uma folheada rápida nos manuais de literatura mostra-nos que raramente as escritoras são citadas e, quando o são, a referência é feita por umas poucas linhas. É o caso, por exemplo, de Júlia Lopes de Almeida: a escritora foi fundamental para a criação da Academia Brasileira de Letras, mas seu nome não consta na lista de fundadores; em seu lugar, entrou o marido Filinto de Almeida. Ao longo de sua história, a ABL teve apenas seis mulheres entre componentes: Raquel de Queiroz, Dinah Silveira de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Nélida Piñon, Ana Maria Machado e Cleonice Berardinelli.
Uma outra situação em que as mulheres também demoraram a conquistar espaço literário é a literatura de cordel. Como eu já expliquei em meu outro blog Literatura na corda, a mulher cordelista não era bem vista: Altino Alagoano, um dos principais nomes da literatura de cordel brasileira, é o pseudônimo de Maria Pimentel. Hoje temos a presença forte de Dalinha Catunda, Salete Maria, Rosário Pinto e tantas outras.
Selecionei alguns vídeos sobre algumas das mulheres que foram (ou são) importantes para a literatura brasileira:
Elisa Lucinda
A atriz, cantora e poetisa fala de sua relação com as artes e comenta seu projeto de popularização da literatura como importante instrumento de mudança social. Como exemplo, cita a história de sua empregada doméstica que, por meio da leitura, aprendeu a lutar por seus direitos.
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Hilda Hilst
Em entrevista, realizada em 1990, Hilst responde a perguntas sobre a recepção do público a O caderno Rosa de Lori Lamby e faz algumas críticas ao mercado editorial.
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Lygia Fagundes Teles
A escritora comenta o enredo de seu livro As meninas e fala de outras produções de sua carreira.
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Nélida Piñon
A escritora, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras, comenta a sua rotina de escrita.
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Raquel de Queiroz
A escritora tece comentários sobre a importância da Academia Brasileira de Letras, o papel da mulher na literatura brasileira e a sua rotina como jornalista.
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Clarice Lispector
O vídeo abaixo mostra uma livre adaptação da obra A hora da estrela, produzida pela Rede Globo de Televisão. Contém, ainda, trechos de uma entrevista concedida pela escritora, em que Lispector comenta a gênese da personagem Macabéa.
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*Texto adaptado de meu outro blog Leio o Mundo Assim, atualmente desativado. O texto original foi publicado em 8 de março de 2008.