O INEP – Instituto Nacional de Educação Pública Anísio Teixeira – já divulgou o gabarito oficial das questões aplicadas no ENEM 2014, mas ainda não o fez com os cadernos de questões; apesar disso, diversos sites tiveram acesso a alguns dos cadernos de prova. A partir de hoje, o leitor do Conversa de Português também encontrará no blog uma série de artigos com as questões comentadas. Nós usaremos o caderno rosa e o diferencial do CP será a organização: apresentação da questão, competência e habilidade correspondente da matriz de referência do INEP, gabarito oficial, comentário e link para estudos.
Fique de olho no Conversa de Português e não perca os próximos textos sobre o ENEM!
ENEM 2014 – questão 96
Texto I
Seis estados zeram fila de espera para transplante de córnea
Seis estados brasileiros aproveitaram o aumento no número de doadores e de transplantes feitos no primeiro semestre de 2012 no país e entraram para uma lista privilegiada: a de não ter mais pacientes esperando por uma córnea.
Até julho desse ano, Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Norte e São Paulo eliminaram a lista de espera no transplante de córneas, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, no Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos. Em 2011, só São Paulo e Rio Grande do Norte zeraram essa fila.
Texto II
A notícia e o cartaz abordam a questão da doação de órgãos. Ao relacionar os dois textos, observa-se que o cartaz é
(A) contraditório, pois a notícia informa que o país superou a necessidade de doação de órgãos.
(B) complementar, pois a notícia diz que a doação de órgãos cresceu e o cartaz solicita doações.
(C) redundante, pois a notícia e o cartaz têm a intenção de influenciar as pessoas a doarem seus órgãos.
(D) indispensável, pois a notícia fica incompleta sem o cartaz, que apela para a sensibilidade das pessoas.
(E) discordante, pois ambos os textos apresentam posições distintas sobre a necessidade de doação de órgãos.
Gabarito oficial: B
Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
Competência de área 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21- Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
Comentário: A mensagem transmitida pelo cartaz é complementar. Elaborado a partir da função apelativa da linguagem, o cartaz instrui os leitores a aderirem a campanha de doação e comunicar seu desejo às famílias, uma vez que as leis brasileiras exigem que isso seja feito, a fim de que a doação possa ser realizada.
QUESTÃO 108
O exercício da crônica
Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um assunto qualquer, de preferência colhido no noticiário matutino, ou da véspera, em que, com suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, restar-lhe o recurso de olhar em torno e esperar que, através de um processo associativo, surja-lhe de repente a crônica, provinda dos fatos e feitos de sua vida emocionalmente despertados pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de assunto, já bastante gasto, mas do qual, no ato de escrever, pode surgir o inesperado.
(MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia das Letras, 1991).
Predomina nesse texto a função da linguagem que se constitui
(A) nas diferenças entre o cronista e o ficcionista.
(B) nos elementos que servem de inspiração ao cronista.
(C) nos assuntos que podem ser tratados em uma crônica.
(D) no papel da vida do cronista no processo de escrita da crônica.
(E) nas dificuldades de se escrever uma crônica por meio de uma crônica.
Gabarito oficial: E
Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
Comentário:
A função predominante no texto é metalinguagem: a mensagem é centrada em seu próprio código. Nesse texto, o cronista dedica-se por explicar, por meio de uma crônica, algumas dificuldades encontradas por quem escreve esse gênero textual.
QUESTÃO 118
eu acho um fato interessante… né… foi como meu pai e minha mãe vieram se conhecer… né… que… minha mãe morava no Piauí com toda a família… né…meu… meu avô… materno no caso… era maquinista… ele sofreu um acidente… infelizmente morreu…minha mãe tinha cinco anos… né… e o irmão mais velho dela… meu padrinho… tinha dezessete e ele foi obrigado a trabalhar… foi trabalhar no banco… e… ele foi…o banco… no caso… estava… com um número de funcionários cheio e ele teve que ir para outro local e pediu transferência prum mais perto de Parnaíba que era a cidade onde eles moravam e por engano o… o…escrivão entendeu Paraíba… né… e meu… minha família veio parar em Mossoró que exatamente o local mais perto onde tinha vaga pra funcionário do Banco do Brasil e:: ela foi parar na rua do meu pai… né…e começaram a se conhecer…namoraram onze anos …né… pararam algum tempo… brigaram… é lógico… porque todo relacionamento tem uma briga… né…e eu achei esse fato muito interessante porque foi uma coincidência incrível…né… como vieram se conhecer… namoraram e hoje… e até hoje estão juntos… dezessete anos de casados.
(CUNHA, M .F. A. (org.) Corpus discurso & gramática: a língua falada e escrita na cidade de Natal. Natal: EdUFRN, 1998.)
Na transcrição de fala, há um breve relato de experiência pessoal, no qual se observa a frequente repetição de “né”. Essa repetição é um
(A) índice de baixa escolaridade do falante.
(B) estratégia típica da manutenção da interação oral.
(C) marca de conexão lógica entre conteúdos na fala.
(D) manifestação característica da fala nordestina.
(E) recurso enfatizador da informação mais relevante da narrativa.
Gabarito oficial: B
Competência e habilidade: Competência de área 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
H19 – Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
Comentário:
O candidato deve ler atentamente o enunciado da questão e observar que a banca já avisou sobre o fato de que o texto apresentado é uma “transcrição de fala”; portanto, contém características próprias da linguagem oral, como as pausas recorrentes – representadas na escrita pelas reticências – e recursos linguísticos utilizados para manutenção da conversa, como o “né”, repetido em todo o texto. A função de linguagem predominante no texto é a fática.
Aprofunde seus estudos:
Campanha estimula famílias a autorizarem doação de órgãos.
Atualizado em 24/11/2014: inserimos a questão 118 .