Em 15 de novembro, celebra-se a Proclamação da República. O romance Esaú e Jacó foi publicado por Machado de Assis em 1904. A narrativa é contada sob o ponto de vista do Conselheiro Aires, personagem que aparecerá novamente na obra Memorial de Aires, publicado em 1908. O primeiro livro apresenta literariamente o momento de transição do Império para a República.
Esaú e Jacó é quase um romance histórico na medida em que a contextualização histórica é parte da construção dos personagens. O Conselheiro narra a história de dois irmãos gêmeos que se opõem politicamente – oposição esta que já aparece na nomeação dos protagonistas. Machado utiliza duas referências bíblicas para demonstrar metaforicamente as diferenças entre os irmãos: Esaú e Jacó são figuras do Antigo Testamento, conhecidos por lutarem desde o ventre materno; os protagonistas chamam-se Pedro e Paulo, que remete aos apóstolos e seus métodos diferentes de evangelização. No capítulo XXIV (Robespierre e Luís XVI), o narrador mostra a ida a uma vidraçaria para informar ao leitor qual é a posição política de seus personagens:
Pararam alguns instantes, olhando à toa. Logo depois, Pedro viu pendurado um retrato de Luís XVI […]. Paulo quis ter igual fortuna, adequada às suas opiniões, e descobriu um Robespierre. […]
[O lojista] quis ver ainda se colhia algum dinheiro, vendendo-lhes um retrato de Pedro I, encaixilhado, que pendia da parede; mas Pedro recusou por não ter dinheiro disponível, e Paulo disse que não daria um vintém pela “cara de traidores”. (ASSIS, 1994, p. 53-54)
Em outros capítulos, o narrador mistura realidade e ficção para descrever eventos que antecederam a Proclamação da República:
Por exemplo, D. Cláudia. […]. Também ela pensava no baile da Ilha Fiscal. Para ela, o baile da ilha era um fato político, era o baile do ministério, uma festa liberal, que podia abrir ao marido as portas de alguma presidência. Via-se já com a família imperial. (Idem, p. 88)
Há, ainda, o célebre episódio das tabuletas em que Machado figura bem as incertezas na transição entre os regimes. O velho Custódio estava em meio a um impasse sem saber que tabuleta mandava fazer para a reinauguração de seu estabelecimento: Confeitaria do Império, Confeitaria da República, Confeitaria do Catete ou Confeitaria do Custódio. No capítulo LX (Manhã de 15), o Conselheiro Aires descobre, em um passeio pela Rua do Ouvidor, que o governo foi tomado pelos militares.
Embora a produção de Machado de Assis tenha sido realizada no período do Realismo (1881-1922), a obra do autor não poder ser classificada como realista. Realismo é período em que a produção literária era uma tentativa de retratar a vida contemporânea. Enquanto o Romantismo dedicou-se à exaltação do passado histórico, aquele período apresenta as razões pelas quais o homem vê-se em conflito com o ambiente em que vive.
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Referências:
ASSIS, M. Esaú e Jacó. São Paulo: Ática, 1994.
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Oi querida vim aqui para lhe dizer que tem um selo-prêmio por este aqui em meu blogue, acessa lá e pegam bjs http://nelzajaque.blogspot.com.br/2012/11/meu-primeiro-premio-de-blogue-premio.html
Dei uma olhadinha e ja encontrei um post muito interessante sobre Cultura negra. Um dos temas sugeridos para os grupos de pesquisa trata da obra de Gilberto Freyre e sua relacao com a literatura. Estou fazendo um trabalho com meus alunos no qual tem a abordagem sociologica, instigando o debate sobre o mito da democracia racial.
Voltarei aqui mais vezes.
Parabens pelo seu blog.