A história das línguas mostra-nos que nem sempre conhecemos uma palavra por seu significado etimológico. Há inúmeras causas para a mudança de significação de uma palavra, como a metáfora, a metonímia e o eufemismo; figuras de linguagem que já foram comentadas neste blog. Outras causas são decorrentes de tabus linguísticos ou de etimologia popular.
Alguns eufemismos da língua portuguesa são decorrentes de tabus linguísticos – aquela palavrinha que alguém evita porque “se disser, atrai coisa ruim”. É o acontece, por exemplo, com a palavra morte, que costuma ser substituída por finar-se, falecer, entregar a alma a Deus, partir desta para a melhor, fechar os olhos, esticar as canelas, bater as botas, comer capim pela raiz (Confira o texto Eufemismo, publicado em 3 de abril de 2010).
Algumas alterações semânticas acontecem por influência de um fato histórico. Vejamos alguns exemplos:
Saber de cor – A expressão tem origem na época em que a anatomia antiga relacionava o coração à inteligência e à memória.
Judiar (zombar) – O verbo faz referência aos tormentos sofridos pelos judeus.
Há casos em que a alteração semântica é provocada por falsa associação etimológica. É o que acontece com o vocábulo famigerado, cujo significado é célebre, notável, mas a etimologia popular associa a faminto.
Fonte de pesquisa:
BECHARA, E. Moderna Gramática Portuguesa. 37.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
Discordo da definição dada ao JUDIAR – esse verbo infeliz tem origem não no sofrimento dos nossos antepassados (da maioria dos brasileiros que não sabem dessa genética) mas na triste herança que a vem da religião dominante. Judiar tem origem na ideia de que os Judeus foram os responsáveis pelos sofrimentos de Cristo. O certo seria então “romanear”, pois foram os romanos os atores principais daquelas cenas.
Esse verbo “judiar” deveria ser eliminado do vocabulário pátrio como o fazem hoje com os adjetivos direcionados aos afro e descendentes.