Parônimo é o nome dado àqueles vocábulos semelhantes na escrita e na pronúncia. É o que acontece, por exemplo, com acidente (desastre) e incidente (inesperado); apóstrofo e apóstrofe.
Apóstrofo (‘) é uma notação léxica (sinal usado na escrita) que assinala a supressão de um fonema – geralmente uma vogal – em versos, pronúncias populares e palavras ligadas pela preposição de.
1. Para indicar a supressão de letras no verso, por exigência da metrificação, como nos versos de Navio negreiro, de Castro Alves:
‘Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta.
‘Stamos em pleno mar… Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro…
‘Stamos em pleno mar… Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?..
2. Reproduzir pronúncias populares: ‘tá (está), ‘teve (esteve).
3. Indicar a supressão da vogal em expressões já consagradas pelo uso: copo-d’água.
Apóstrofe é uma figura de pensamento. Ocorre todas as vezes em que há referência a uma pessoa real ou imaginária, presente ou ausente, como forma de enfatizar uma ideia. É a figura de linguagem usada no trecho abaixo, extraído da obra Mensagem, de Fernando Pessoa:
Ó mar salgado, quanto de teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
No trecho, o eu-lírico propõe a reflexão sobre as famílias que perderam seus filhos para que Portugal fosse transformado em uma potência marítima.
Leia mais no blog:
O que são homonímia e polissemia?