O termo “SLAM”, no quadrinho do Recruta Zero, é uma onomatopeia, pois representa, na escrita, o som produzido pela personagem ao bater o telefone. As onomatopeias são palavras formadas com o objetivo de imitar determinados sons: gritos, barulhos de máquinas, sons da natureza, o timbre da voz humana, “vozes” dos animais. Esses recursos são muito explorados nas histórias em quadrinhos, nos produtos comerciais e nomes de lojas.
A onomatopeia é um processo de formação de palavras, assim como a derivação e a composição. O professor Luiz Roberto Wagner, em seu artigo A onomatopeia comercial, publicado pela Revista Língua Portuguesa, afirma que há aquelas “puras” e outras “vocalizadas”; as primeiras se destinam à imitação dos sons e as demais são já foram de tal modo incorporadas à língua que obedecem regras de ortografia e podem ser classificadas morfologicamente. Como exemplos, pode-se citar, para o primeiro caso o “tic-tac” do relógio, o “trimmm” do telefone; para o segundo, temos miar, tilintar, cacarejar (verbos formados a partir de sons onomatopaicos).
Luiz Fernando Veríssimo explora esse recurso linguístico em seu texto Tintim, na coletânea Comédias para se ler na escola:
Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: o que queria dizer aquilo? Imaginei que fosse uma misteriosa medida de outros tempos que sobrevivera ao sistema métrico, como a braça, a légua etc. […] Está no Aurelião. Tintim, vocábulo onomatopaico que evoca o tinido das moedas. Originalmente, portanto, “tintim por tintim” indicava um pagamento feito minuciosamente, moeda por moeda. (VERÍSSIMO, 2001)
Observe, com atenção, o poema futurista de Felippo Tommaso Marinetti e tente lê-lo em voz alta. Uma das características do poeta era a construção de poesias sonoras que representavam o som das tempestades, do ruído das máquinas e tudo o que pudesse ser imitado por meio da escrita
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