Ontem, dia 3 de julho, publiquei um pequeno resumo sobre a aula de revisão que eu e meus alunos do Ensino Médio fizéramos no dia anterior. Hoje, apresento a segunda modalidade discursiva sobre a qual conversamos: a narração.
A narração geralmente é definida como uma “sequência de ações interligadas que progridem para um fim”; em outras palavras, o texto é o relato de acontecimentos, fictícios ou não, contados por um narrador , por meio da ação de seus personagens. A crônica, o conto, o romance, a fábula, as epopeias são gêneros textuais em que esta modalidade discursiva é usada.
São características da narração:
1. A ordem dos fatos é, em geral, cronológica (início, meio e fim são apresentados em sequência).
Um dos alunos lembrou-se de que algumas narrativas são feitas in media res, expressão latina cuja tradução literal significaria “no meio da coisa”; em literatura, significa que a narrativa começou pelo meio ou o fim da trama e somente depois o início será apresentado. Uma das alunas citou Memórias Póstumas de Brás Cubas , de Machado de Assis, como exemplo.
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. (ASSIS, 1994, 17)
2. Os elementos básicos são tempo, espaço, enredo, narrador e personagens.
Como é que sei tudo o que vai se seguir e que ainda desconheço, já que nunca o vivi? É que numa rua do Rio de Janeiro peguei ao ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina. Sem falar que eu em menino me criei no Nordeste. […] A história – determino com falso livre arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou o mais importante deles, é claro. Eu, Rodrigo S.M. Relato antigo, este, pois não quero ser modernoso e inventar modismos à guisa de originalidade. (LISPECTOR, 1995,26-27)
3. Os tempos e modos verbais mais usados são: pretérito imperfeito, pretérito perfeito, pretérito mais que perfeito e futuro do pretérito.
Amanhã: Modalidades discursivas – a exposição.
Leia também no blog:
Sala de aula – modalidades discursivas
Referências:
ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1994 p. 17 (Série Bom Livro)
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 23.ed. São Paulo: Francisco Alves, 1995, p.26-27
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