Na língua portuguesa, algumas palavras e expressões podem suscitar dúvidas quanto ao seu emprego. Pensando nisso, selecionei algumas expressões de uso corriqueiro, mas que provocam confusão e publicarei uma série de quatro artigos sobre elas.
A / há
Emprega-se há em referência a tempo passado, equivalendo ao verbo “fazer” (Recomendo a leitura do texto “Faz cinco anos – um caso de concordância”); a é utilizado como preposição nas indicações de tempo futuro.
Há dias que chove muito em São Paulo.
Não vejo meus primos há meses.
Daqui a pouco falo com você.
Meu irmão, que mora no exterior, voltará daqui a um ano.
A fim de / afim
A fim de é uma locução que indica finalidade; afim é um adjetivo e significa “semelhante”.
Telefonou para o escritório a fim de justificar o atraso.
Nós temos temperamentos afins.
A meu ver
A expressão significa “na minha opinião”.
A meu ver este será um ótimo ano.
A par / ao par
Usa-se a par com o significado de “bem informado” e ao par significando equivalência cambial.
Estou a par de suas decisões.
O dólar e o euro estão ao par.
À toa / à-toa
À toa é uma locução adverbial de modo, que significa “sem razão” , “inutilmente”; já a expressão à-toa é um adjetivo que significa “inútil”, “desprezível”.
Continuava à toa.
Esse foi um gesto à-toa e precipitado.
Acerca de / há cerca de
Acerca de é uma locução prepostiva e significa “a respeito de”. Há cerca de equivale a “Há aproximadamente”.
Envie-me um email acerca de suas dúvidas.
Há cerca de uma semana recebi um cartão-postal.
Ao invés de / em vez de
Ao invés de significa “ao contrário de”; em vez de corresponde a “no lugar de”.
Ao invés de chamar a polícia, correu atrás do ladrão.
Em vez de Ana, apareceu a irmã.
Aonde/ onde
Emprega-se aonde com verbos que indicam movimento em direção a algum lugar. Com verbos que não transmitem essa idéia, usa-se onde.
Aonde você pensa que vai?
Aonde ele foi?
Onde você está?
Onde você mora?
Bem-vindo / Benvindo
Bem-vindo é um adjetivo composto; Benvindo é nome próprio.
Seja bem-vindo a este blog.
Benvindo é o pai daquelas crianças.
Botijão de gás / bujão de gás
As duas formas são corretas, referindo-se ao recipiente usado para armazenar o gás.
Comprou outro botijão / bujão de gás.
Catorze / quatorze
As duas formas estão corretas.
Minha sobrinha tem catorze / quatorze anos.
Champanha / champanhe
As duas formas estão corretas, porém trata-se de um substantivo masculino de origem francesa.
Serviram o champanha/ o champanhe.
Cólera
Quando significa “raiva”, “fúria”, cólera é substantivo feminino. Quando se trata da doença, o substantivo pode ser usado como feminino ou masculino.
João, irritado com as provocações, foi tomado por uma cólera súbita.
O combate do /da cólera continua por todo país.
Gostava de saber quando se emprega o “ter que” ou o “ter de”
José Maria, a norma padrão da língua portuguesa recomenda o uso de ter DE no sentido de “necessidade, ter algo a fazer”; no entanto, observa-se (e não é considerado um erro) o uso, no Português Brasileiro, da expressão ter QUE para os mesmos casos.
amei tira minhas duvidas não tenho muito a fala so elogiar parabéns
Deliane, muito obrigada pela sua visita!
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Tem razão, Sam, eu esqueci mesmo. Prometo falar sobre essas expressões no segundo texto sobre o assunto. Um abraço!
Faltou uma, minha amiga, que só descobri há algum tempo: “ao encontro” e “de encontro” 😉
Publiquei um artigo numa revista online e o primeiro comentário que recebi foi de um leitor dizendo do meu erro. Aprendi na hora! Nada como termos leitores atentos! hehehehe
Estou recomendando este blog prum montão de pessoal 😀