O Naturalismo é uma ampliação do Realismo. Podemos dizer que é um movimento de caráter mais objetivo e comprometido com as novidades do cientificismo da segunda metade do século 19, principalmente as discussões vinculadas às Ciências Biológicas. Na literatura, o Naturalismo tratou com objetividade os temas de sua época, utilizando-se dos métodos científicos na construção e observação dos fatos e dos personagens. Na imagem acima, podemos ver a foto de um cortiço do Rio de Janeiro, no ano 1906.
O surgimento do termo Naturalismo
O termo naturalismo só apareceu na literatura em 1850, ano em que Émile Zola e seus amigos escritores o utilizaram na publicação das Soirées de Médan. Em 1880, influenciado pela leitura de Introduction à la Medicine Expérimental (publicado em 1865), o escritor francês lançou o livro Le Roman Expérimental, em que afirmava ser o método científico também adequado à produção literária; assim, os personagens deveriam ser retratados como indivíduos sujeitos às leis físico-químicas e cujo caráter é determinado pela influência do meio e pela hereditariedade.
No Brasil, umas das principais obras do Naturalismo é O cortiço, de Aluísio Azevedo, cujo enredo tem como cenário uma habitação coletiva de propriedade de João Romão, um português com fixação por enriquecer. Ao conhecer Bertoleza, uma escrava fugida, o negociante torna-se seu amante e rouba as economias que ela conseguira juntar e adquire o que seria o início da propriedade que intitula o romance. Outro cenário também compõe o espaço da obra: o sobrado de propriedade de Miranda, conterrâneo de João Romão.
O escritor do Naturalismo é um “cientista social” e seu texto é uma investigação da sociedade.
Romance de tese. A obra literária é utilizada como um meio para comprovar as teses científicas mediante o desenvolvimento de suas narrativas.
Determinismo científico. A teoria desenvolvida por Hipólito Adolfo Taine serve como base para a construção dos personagens e justifica seu comportamento. Segundo Taine, o comportamento humano é determinado por sua raça, o contexto histórico e o meio ambiente.
O ser humano é visto como um animal. A teoria evolucionista de Charles Darwin provocou uma mudança de paradigma nas ciências e também nas artes. No Naturalismo, isso se manifestou por meio da zoomorfização das personagens, em que o escritor faz comparações explícitas entre o ser humano e os bichos. É o que podemos observar no seguinte trecho de Casa de Pensão, de Aluísio Azevedo:
O mestre, um tal Antônio Pires, homem grosseiro, bruto, de cabelo de touro, batia nas crianças por gosto, por um hábito do ofício. Na aula, só falava a berrar, como se dirigisse uma boiada. Tinha as mãos grossas, a voz áspera, a catadura selvagem; e quando metia para dentro um pouco mais de vinho, ficava pior.
[…] Todos os pequenos da aula tinham birra do Pires. Nele enxergavam o carrasco, o tirano, o inimigo e não o mestre. […] Os pais ignorantes, viciados pelos costumes bárbaros do Brasil, atrofiados pelo hábito de lidar com escravos, entendiam que aquele animal era o único professor capaz de “endireitar os filhos”. (AZEVEDO, 1973, p. 38-39)
Valorização de espaços degradados. A degradação no texto naturalista pode ser moral ou social. Aluísio Azevedo usou o cortiço em uma de suas principais obras: O cortiço, publicado em 1890.
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Personagens com “desvios” comportamentais. O escritor usará o texto literário para abordar temas considerados tabu. O autor naturalista acredita que indivíduos expostos ao mesmo ambiente degradado (moralmente ou economicamente) são mais propensos a comportamentos, naquela época, vistos como “anormais” ou “imorais”.
Principais autores do período:
Aluísio Azevedo
Adolfo Caminha
Inglês de Souza
Raul Pompéia
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Depois de ler sobre um dos movimentos literários mais importantes da literatura brasileira, que tal fazer o nosso simulado sobre o Realismo, Naturalismo e Parnasianismo? Para acessar, clique AQUI.
Referências:
AZEVEDO, A. Casa de pensão. São Paulo: Três, 1973 (Coleção Obras Imortais da Nossa Literatura, 13)