A música Bye, bye, Brasil foi composta por Chico Buarque, Roberto Menescal e Dominguinhos para o filme de mesmo nome, cuja estreia aconteceu nos cinemas brasileiros em 1979. Neste post, analisaremos a poética musical a partir dos conceitos de funções da comunicação e figuras de linguagem.
A primeira estrofe, marcada pela primeira pessoa do discurso, caracteriza o eu lírico como alguém fora de seu lugar de origem (“Eu acho que vou te buscar”, “Eu vi um Brasil na tevê”, “Saudades de roça e sertão”) e demonstra que uma das funções da linguagem predominantes em todo o texto será a função emotiva, o que se confirma em outras estrofes.
Oi, coração
Não dá pra falar muito não
Espera passar o avião
Assim que o inverno passar
Eu acho que vou te buscar
Aqui tá fazendo calor
Deu pane no ventilador
Já tem fliperama em Macau
Tomei a costeira em Belém do Pará
Puseram uma usina no mar
Talvez fique ruim pra pescar
Meu amor
[…]
Bye bye, Brasil
A última ficha caiu
Eu penso em vocês night and day
Explica que tá tudo okay
Eu só ando dentro da lei
Eu quero voltar, podes crer
Eu vi um Brasil na tevê
Peguei uma doença em Belém
Agora já tá tudo bem
Mas a ligação tá no fim
Tem um japonês atrás de mim
Aquela aquarela mudou
A segunda função de linguagem predominante no texto é a poética, presente sobretudo no uso das figuras de linguagens e na estrutura do texto. O primeiro verso (“Oi, coração”) contém duas figuras de linguagem: apóstrofe e metáfora. A primeira caracteriza-se pela referência, em forma de chamamento, a uma pessoa real ou imaginária; a segunda, pelo uso figurado da palavra “coração”, que representa o afeto entre o eu lírico e o receptor da mensagem. Também podemos observar a presença de hipérboles em, pelo menos, dois momentos:
No Tabariz
O som é que nem os Bee Gees
Dancei com uma dona infeliz
Que tem um tufão nos quadris
Tem um japonês trás de mim
Eu vou dar um pulo em Manaus
Aqui tá quarenta e dois graus
O sol nunca mais vai se pôr
Eu tenho saudades da nossa canção
Saudades de Rosa e Sertão
Bom mesmo é ter um caminhão
Meu amor
Podemos também observar traços de oralidade, uma vez que o poema representa uma conversa telefônica: “Não dá pra falar muito não” (presença da dupla negativa); “Mas já tô quase bom (redução na forma verbal); “Em março eu vou pro Ceará” .
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Aproveite e faça o nosso simulado sobre figuras de linguagem.
Para ler o texto completo de Bye, bye, Brasil, clique AQUI.
Amei!!! Sou apaixonado nessa música e, desde a primeira vez que ouvi, tinha certeza que poderia ser um longo material de estudo!
Adoro o site!
Rodrigo, muito obrigada pela visita e pelo comentário!
Boa tarde.
Gostaria de divulgar um curso sobre Tendências da Língua Portuguesa no seu site, é possível? Se sim, qual o procedimento?
Prezada Fabiana,
Não fazemos divulgação desse tipo de ação. No entanto, se o seu interesse é divulgar o curso como um evento, sugiro a leitura da página “Agenda Educação” e siga os procedimentos ali indicados.
http://conversadeportugues.com.br/agenda/
Esta foi muito bem e gostei, espero que publica mais. Deus te abençoe.