“Eu estou contra os sistemas; o mais aceitável
dos sistemas é não ter sistema algum.” (Tristan Tzara)
Sala de Aula é uma coluna semanal em que publico alguns dos tópicos abordados com alunos do Ensino Médio. A proposta é apresentar um resumo das aulas e, sempre que for possível, apresentar sugestões de atividades. O tema de hoje é Dadaísmo.
O movimento dadaísta foi criado em Zurique, Suíça, e esteve presente no cenário artístico entre 1916 e 1921 – mesma época em que o escritor James Joyce escrevia a obra Ulysses. O movimento surgiu da reunião de um grupo de cinco refugiados de guerra: Hugo Ball, Richard Huelsembeck, Hans Arp, Marcel Janco e Tristan Tzara; mais tarde, uniram -se a eles Francis Picabia e Vicente Huidobro. O grupo reunia-se no Cabaret Voltaire, um teatro de variedades fundado por Hugo Ball em 1916, às vésperas da batalha de Verdun.
A incerteza da vitória foi o motivo ideológico para a fundação do Dadaísmo e a possível vitória alemã passou a atormertar os integrantes do grupo, pois dois deles eram desertores do exército alemão. O movimento Dadá surgia, então, como um meio de manifestação contra todos os valores culturais. Hugo Ball chegou a propor a inclusão do verbete dadaísmo em um dicionário de alemão:
DADAÍSTA – homem infantil, quixotesco, ocupado com os jogos de palavras e com as figuras gramaticais.
Não se tem certeza sobre o significado exato da palavra que nomeia o movimento. Gilberto Mendonça Teles, na obra Vanguara Europeia e Modernismo Brasileiro, diz que
Uma das versões é a de que Huelsembeck e Hugo Ball, procurando num dicionário francês-alemão um pseudônimo para uma cantora do Cabaret, foram atraidos pela palavra DADA, cujo significante além de breve, lhes parecia bastante sugestivo. […] O próprio Hugo Ball anota em seu diário que dadá ‘significa em romeno sim, sim em francês cavalinho. Para os alemães, é um sinal de ingenuidade, uma associação de ideia com um carrinho para crianças’. Para Tzara, Dadá significa nada, nada, ou seja, Dadá não significa nada. A preocupação foi […] que não fosse um -ismo a mais.
Em seu último manifesto, Tzara apresenta a receita para fazer um poema dadaísta:
Para fazer um poema dadaísta
Tristan Tzara
Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.
Ontem, 30 de maio, eu encerrei o tema com uma turma do Ensino Médio e propus que cada aluno construísse seu poema dadaísta. Infelizmente, não consegui digitalizar os trabalhos, mas assim que for possível, eu publicarei aqui no Conversa.
Conversa com os alunos:
- Leitura de trechos do Manifesto Dadá (1918)
- Slide com obras dos artistas envolvidos no movimento.
- Produção de um poema dadaísta, seguindo a receita de Tristam Tzara. Peça aos alunos para levarem jornal, tesoura e cola.
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Fonte de pesquisa:
TELLES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro: apresentação dos principais poemas, manifestos, prefácios e conferências vanguardistas, de 1857 a 1972. Petrópolis: Vozes, 1997. p 129 – 151