Considera-se a publicação de Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade, como o início da produção da segunda geração modernista – a Geração de 30. Esse grupo incorporou o regionalismo e os dilemas sociais aos temas já tratados pelo grupo idealizador da Semana de Arte Moderna. Assim como na geração anterior, a cultura nacional serviu de tema à produção artística em suas diversas expressões. Neste texto, abordaremos o contexto histórico e algumas características da produção literária.
A década de 1930 foi marcada por acontecimentos importantes: a chegada de Getúlio Vargas ao poder, o confronto entre ideologias diferentes (liberalismo e comunismo) e a ascensão de uma mentalidade totalitária que defendia a centralização do poder do Estado nas mãos do governante: uma tendência que, na Alemanha, recebeu o nome de nazismo e na Itália, de fascismo. Culturalmente, a década viu a popularização do rádio e do cinema; o primeiro, usado por Getúlio Vargas como instrumento de difusão de seu governo baseado nos princípios do totalitarismo e o segundo que se tornaria mais tarde um veículo de informação e entretenimento para as massas. Em 22 de julho de 1935, estreou o programa A voz do Brasil, que ainda é transmitido na faixa das 19h às 20h. O período de 1930 a 1945 foi conturbado: depressão econômica, avanço do nazifascismo, crise da política café-com-leite, ascensão e queda de Getúlio Vargas ao poder, a criação da ONU. No cinema, chegavam as produções estrangeiras; desse período é a produção de Tempos modernos (1936) e O grande ditador (1940), de Charles Chaplin.
Esteticamente a segunda geração modernista representava o amadurecimento e o aprofundamento das conquistas da geração de 1922. Desse modo, permaneciam o uso dos versos livres (sem preocupação com a métrica) e o emprego de vocabulário cotidiano. A ideia de valorização da cultura nacional, proposta desde a primeira geração do Romantismo, foi ampliada e a questão linguística também surgia como elemento cultural para ser abordado literariamente, embora Oswald de Andrade já o tivesse feito na primeira geração com o famoso texto Pronominais. Contrariando, no entanto, as propostas vanguardistas do grupo de 1922, a geração de 30 recuperou formatos estéticos como as formas líricas fixas, como o soneto.
Soneto do maior amor
Vinícius de Moraes
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal-aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
Os artistas envolvidos com a produção literária no período de 1930 a 1945 também apostavam na popularização da literatura em oposição à proposta parnasiana que entendia a arte como um privilégio da elite. O regionalismo, que trazia a abordagem de problemas sociais como a fome favoreceu a divulgação das obras. Tal característica foi pensada a partir da leitura, em 1926, do Manifesto do Regionalismo, de Gilberto Freyre, durante o Primeiro Congresso Brasileiro de Regionalismo. O documento e o Congresso abordavam o progresso do Sul em oposição ao atraso do Nordeste, a valorização da cultura tradicional e a adesão à cultura estrangeira, decadência da sociedade patriarcal e a seca nordestina. Uma das propostas do evento era a criação de um Centro Regionalista. Gilberto Freire escreveu no Manifesto que o Centro seria necessário para aproveitar “os bons elementos da inteligência nordestina, com exclusão de qualquer particularismo provinciano, quer tanto às coisas, quer quanto às pessoas” (TELES, 1997, p.343)
Veja alguns autores da segunda geração:
Poesia:
- Carlos Drummond de Andrade
- Jorge de Lima
- Murilo Mendes
- Cecília Meireles
- Vinícius de Moraes
Prosa:
- Graciliano Ramos
- Rachel de Queiroz
- Jorge Amado
- José Lins do Rego
- Érico Veríssimo
- Rubem Braga
Resumo da 2ª geração:
Fatos históricos
Crise da política café-com-leite.
Quebra da bolsa de Nova Iorque (1929)
Revolução de 30.
Industrialização.
Modernização dos engenhos açucareiros do Nordeste.
Características literárias
Versos livres.
Liberdade temática.
Uso de linguagem coloquial.
Ironia no contexto poético.
Antiacademicismo.
Engajamento do escritor nas questões do seu tempo.
Conciliação entre elementos da tradição e a modernidade.
Conciliação entre o nacionalismo e o universalismo.
Em 1963, o cineasta brasileiro Nelson Pereira dos Santos dirigiu o filme Vidas Secas, baseado na obra homônima de Graciliano Ramos. O enredo é a história de uma família de retirantes nordestinos – Fabiano, Sinhá Vitória, os filhos e a cachorra Baleia – em sua tentativa de fugir da miséria provocada pela seca.
Fontes de pesquisa
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 33.ed. São Paulo: Cultrix, 1998.
REZENDE, Neide. A Semana de Arte Moderna. 2.e. São Paulo: Ática, 2006.
TELES, Gilberto. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 17.ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
Muito bom!excelente
Obrigada, Daniel! Volte sempre ao blog!
Valorizaçao da historia atraves de contextos Literarios ou culturais de um periodo que se convivia com a intolerancia de uma classe opressora , mas o que mudou quem sao os oprimidos agora , pelo menos o povo hoje tem valor atraves da midia reenvindicando quando sao explorados . Manda quem pode obdece quem tem juizo !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Muito bom!!
adorei amiga… oi pessoal