Educação

Consciência negra

Hoje, 20 de novembro, celebra-se o  Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi criada pela lei federal 10.639, de 9 de janeiro de  2003 – a mesma  que obriga o ensino de culturas africanas e cultura afro-brasileira nas escolas públicas e privadas. A origem do feriado remonta ao aniversário da morte do  líder negro Zumbi dos Palmares, morto em 1695 pelo grupo de bandeirantes liderado por  Domingos Jorge Velho.

Como já dissemos no texto  Consciência negra e literatura brasileira,  publicado em 19 de novembro de 2011, o Brasil  é o país com a maior população negra fora da África. O IBGE  divulgou  que no  Censo 2010 53,74% da população se declararam  negros; esta foi a primeira  vez  na história do Censo que o  número de negros superou o  de brancos.  Em relação  ao  Censo  2010,  houve um aumento de  4 milhões de indivíduos na população negra.

Apesar de o país já ser majoritariamente negro, ainda encontra-se dificuldade para abordar a cultura negra nas escolas, conforme determina a lei. Em 2012, outras discussões sobre o  assunto estiveram em  evidência na mídia.  Caçadas de Pedrinho e Negrinha,  de Monteiro Lobato,  foram citados como textos de  conteúdo eugenista e se chegou a cogitar a possibilidade de não serem adotados em sala de aula. Recentemente,  divulgou-se o caso da  Escola Estadual Senador João Bosco Ramos de Lima (no Amazonas) cujos  alunos evangélicos  recusaram-se a participar de uma atividade que explorava  a maneira como as culturas negra e indígena  são abordadas na literatura brasileira.  De acordo  com  a professora que propôs o  trabalho, os estudantes negaram-se a ler obras como Tenda dos Milagres, Iracema, O mulato e Macunaíma, por apresentarem  questões como  umbanda e candomblé.  Essa última  história foi toda contada no   blog Literatortura.

Se há tanta resistência e divergência sobre a  abordagem  da cultura negra nas salas de aula, como fazer  cumprir lei?  A instituição em  que trabalho mantém, pelo menos, dois  projetos sobre o  tema, o que eu  já mostrei  nos textos África na escola e África na escola – Pretos Novos. A professora  Jaqueline Franco divulgou em seu  blog a atividade promovida em  uma das escolas em  que  trabalha; os  alunos participaram de  uma oficina de bonecas com  vestimentas africanas.  Que tal, depois de debater com a turma sobre o  tema,  ouvir com a garotada o samba enredo Kizomba, a festa da raça, levado  à Marquês de Sapucaí pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de  Vila Isabel no  carnaval de  1988? Veja abaixo o samba na interpretação de  Martinho da Vila.

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=kQNCta4rmE4[/youtube]

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 Como  a  abordagem  é  feita na sua escola? Você acha que os professores e alunos estão  prontos para esse tema? Conte aí nos comentários!

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Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

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