O Modernismo brasileiro teve início com a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922. A Semana fora idealizada por um grupo de intelectuais paulistas que visavam, por meio das artes, colocar a cultura brasileira ao lado das principais correntes vanguardistas europeias. A Semana representava não apenas uma revolução artística, mas também política e social. A primeira geração tinha por característica principal o nacionalismo crítico e duas subcorrentes representam bem este pensamento: o movimento Pau-Brasil (1924) e a Antropofagia (1928).
A geração de 1922 objetivava o afastamento do academicismo proveniente da tradição literária e representada pelos parnasianos, românticos e realistas. Deste modo, seguindo o novo modelo estético que vinha Europa, abandonava-se aos poucos a métrica, a rima, a linearidade do discurso; em vez de recursos sintáticos tradicionais, preferia-se as “palavras em liberdade”, como o que fora proposto por Marinetti no Manifesto técnico da literatura futurista, publicado em 1912: “É preciso destruir a sintaxe, dispondo os substantivos ao acaso, como nascem. ” (TELLES, 1997, p. 95)
Mário de Andrade e Oswald de Andrade propunham uma literatura que pudesse unir as novas tendências estéticas a um novo tipo de nacionalismo: ora ufanista como o romântico, ora polêmico.
A Poesia Pau-Brasil começou com o lançamento do Manifesto da Poesia Pau-Brasil, publicado por Oswald de Andrade em 18 de março de 1924 no Correio da Manhã.
A poesia reside nos fatos. Os casebres , sob de açafrão e de ocre nos verdes da Favela sob o azul cabralino, são fatos estéticos.
O Carnaval no Rio é o acontecimento religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação étnica rica. Riqueza vegetal. O minério. A cozinha. O vatapá o ouro e a dança.
[…]
O contrapeso da originalidade nativa para inutilizar a adesão acadêmica.
A reação contra todas as indigestões de sabedoria. O melhor de nossa tradição lírica. O melhor de nossa demonstração moderna. (TELLES, 1997, 326)
Principais características da 1ª geração:
1. Diversas linguagens e perspectivas.
2. Negação do racionalismo burguês.
3. Influência das vanguardas europeias.
4. Recusa de todo tipo de academicismo.
5. Nacionalismo ufanista e nacionalismo crítcico.
6. Utilização de linguagem coloquial.
7. Mistura entre prosa e poesia.
8. Uso de versos livres.
Os principais autores da primeira geração modernista são Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Antônio de Alcântara Machado. Em 2006, o Exame Nacional do Ensino Médio continha duas questões elaboradas a partir de textos modernistas, uma das quais transcrevemos aqui.
Questão 1
Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
– Antônia, ainda não me acostume com o seu corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
– Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê a lagarta listrada?
A moça se lembrava:
– A gente fica olhando…
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
– Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O moço concluiu:
– Antônia, você é engraçada! Você parece louca!
(Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985)
No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época
(a) a reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas.
(b) a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.
(c) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.
(d) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.
(e) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo.
Comentário sobre a questão:
Letra B. O uso da linguagem cotidiana era uma característica do Modernismo, a fim de que a literatura representasse a fala genuína do povo brasileiro.
Leia mais no blog: