Sintaxe é a parte da gramática que estuda as relações entre as palavras e as orações. A sintaxe também identifica as funções dos termos das orações. Este tópico costuma ser uma grande dificuldade para os estudantes que se preparam para concursos públicos, pois acreditam que entender análise sintática significa decorar as classificações dos termos. A análise sintática é a aplicação de tais conceitos. Como estudar esse assunto sem decorar as classificações e aprender de verdade?
Dividimos a sintaxe nos seguintes tópicos: concordância verbal e nominal, regência verbal e nominal, colocação dos termos na oração e análise sintática. Esta estuda a estrutura dos períodos, a classificação dos termos das orações, a classificação das orações e dos períodos. A NGB – Nomenclatura Gramatical Brasileira – apresenta dez funções sintáticas na língua portuguesa: sujeito, predicado, predicativo, verbos (transitivos e intransitivos), complemento nominal, complementos verbais (objeto direto e objeto indireto), agente da passiva, adjunto adnominal, adjunto adverbial e aposto.
O que observo no dia a dia de sala de aula são alunos decorando essa lista toda (e os seus conceitos!), mas sem entender verdadeiramente a serventia de cada um desses elementos. Ao abordar o tema, eu costumo indagar “Quem sabe os termos da oração?” e a turma desfia o “rosário” gramatical. Na turma deste ano, eu brinquei dizendo que não daria 200 frases para analisar sintaticamente. Os alunos ficaram chocados quando eu lhes disse para esquecer a “decoreba”. Por que esquecer?
O objetivo da análise sintática é a descrição dos mecanismos e possibilidades de combinar as palavras em um período para produzir sentido no texto. O mais importante, portanto, é entender essas funcionalidades, essas possibilidades de combinação. Nos concursos atuais, como o ENEM, não são mais aplicadas questões em que se pede a mera classificação dos termos e orações, mas sim a compreensão do que eles significam. Vejamos a questão 131 extraída prova cinza do ENEM 2011:
O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma padrão da língua, esse uso é inadequado, pois
(a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.
(b) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto.
(c) gera inadequação com a concordância com o verbo.
(d) gera ambiguidade na leitura do texto.
(e) apresenta dupla marcação de sujeito.
Gabarito e comentário sobre a questão:
Letra B. A gramática normativa determina que o pronome pessoal reto ELE não deve ser usado como objeto direto, função que deve ser exercida pelo pronome oblíquo correspondente. Assim, a frase deveria ser “Vamos arrasá-los”, como é usado no primeiro quadrinho.
É importante observar que “Vamos arrasar eles” é exemplo de uma construção comum na língua portuguesa falada no Brasil e nos textos menos monitorados. A Nova gramática do português contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, contém nota explicativa sobre este tipo de ocorrência: “na fala vulgar e familiar do Brasil é muito frequente o pronome ele, ela como objeto direto” e ainda afirma que, apesar de condenado pelas gramáticas atuais, este uso já era encontrado em textos dos séculos XIII e XIV (CUNHA, 2008, p.302).
O candidato que usar a prova do ENEM 2011 como fonte de estudo deve atentar que, além da questão transcrita aqui no blog, o exame continha outras que remetiam aos usos específicos do português falado no Brasil.
Referências:
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português brasileiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
Estudamos no primário de uma forma bem superficial este conceito, mas nem todo professor se detém a fundo nesse ponto.
Gostei! Agora eu entendi. Ele nunca é objeto. kkk
Oi, Felipe! Fico muito feliz por saber que o blog foi útil de algum modo.
isso me deixou mais confusa ainda
Eu preciso compreender melhor este conceito.
Domingos, seja bem-vindo ao blog. O que você ainda não compreendeu?