“Deu-se [à torre] o nome de Babel, pois foi lá que Iaweh confundiu a linguagem de todos os habitantes da terra e foi lá que ele os dispersou sobre toda a face da terra”
(Gênesis 11,9)
De acordo com as Sagradas Escrituras, o povo hebreu teria construído uma alta torre com o objetivo de adorar os céus, o sol e as estrelas. Deus teria descido para ver a cidade e, ao ver que os homens tentavam igualar-se a Ele, teria criado todas as línguas para que os homens não conseguissem se comunicar uns com os outros. Assim, de acordo com o texto bíblico, teriam nascido as línguas e os povos. Essa é a explicação religiosa; como, então, a ciência explica o surgimento das línguas?
Não é possível afirmar com certeza quando as primeiras línguas surgiram. Há diversas teorias e a maioria dos historiadores das línguas afirma que só é possível estudar as línguas a partir de 12.000 a.C ou 15.000 a.C., período imediatamente anterior ao surgimento da agricultura. Há cerca de dois séculos, os linguistas conseguiram classificar aproximadamente 200 famílias de línguas. Durante o s século XIX, o objetivo de um grupo de historiadores era buscar a protolíngua – ou seja, a língua mais antiga, da qual ter-se-iam originado as outras.
O método utilizado pelos historiadores de línguas era chamado de método da reconstrução comparada e consistia em dois pressupostos básicos: a hipótese do relacionamento entre as línguas e a hipótese da regularidade. De acordo com a primeira hipótese, as semelhanças óbvias entre línguas seriam justificadas por uma possível relação histórica; de acordo com a segunda, “o estabelecimento da protolíngua só seria possível por meio do princípio da regularidade das mudanças linguísticas” (MUSSALIN, 2007, p. 30). O método comparativo baseava-se, portanto, na ideia de que duas línguas podem ter um ancestral comum. Os estudos comparativos levaram à hipótese de uma língua comum entre as europeias e as asiáticas – o indo-europeu.
Não sabemos exatamente como nascem as línguas, mas os estudiosos buscam saber de que maneira as diferenças entre elas começaram. Todas as línguas evoluem, tomam empréstimos linguísticos, passam por um momento de dominação cultural. Sabe-se que esse processo de difusão acontece por quatro mecanismos principais: colonização de um território desabitado, mecanismos de divergência, convergência e substituição de uma língua por outra.
Fontes de pesquisa:
MUSSALIN, F; BENTES, A. C. (org) Introdução à linguística, vol. 1. São Paulo: Cortez, 2001.
REVISTA ETIMOLOGIA: Especial Etimologia, São Paulo: Segmento, mar. 2007