A Hora da Estrela, obra publicada por Clarice Lispector em 1977, tem como protagonista Macabéa, imigrante nordestina que sonha com uma grande mudança em sua vida. Paralelamente à narrativa sobre Macabéa, o leitor conhece Rodrigo S.M., o narrador e criador da personagem: é um narrador moderno, que não conhece o destino de sua criação. Rodrigo não se apresenta como o narrador onisciente, muito comum nas obras literárias; ele apenas observa. O romance é, pois, uma obra metalinguística sobre o ato de criação do escritor.
Por que escrevo? Antes de tudo porque captei o espírito da língua e assim às vezes a forma é faz conteúdo. Escrevo, portanto, não por causa da nordestina, mas por motivo grave de “força maior”, como se diz nos requerimentos oficiai, por “força de lei”. (LISPECTOR, 1995, p. 34)
Em outro momento, diz o narrador:
Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias.
A personagem Macabéa representa as angústias da migrante nordestina sem preparo para a vida nas grandes cidades. Ela se apoia no namorado Olímpio, na amiga Glória e conhece o mundo pelas notícias que ouve no programa “Você sabia?” da antiga Rádio Relógio. Olímpio, também nordestino, tem um outro ideal de mulher; estar com Macabéa não o afasta de sua origem. Ele sonha com Glória, loira como as divas do cinema.
No cinema, a obra de Clarice estreou em 1985 com Marcélia Cartaxo no papel principal. O filme, dirigido por Suzana Amaral, recebeu prêmios nos festivais de Berlin e Havana, e uma indicação para o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Ficha técnica:
Patrícia, muita gente desconhece que há inúmeros filmes baseados em obras literárias. Este é o objetivo da coluna "Literatura e Cinema". Obrigada pela visita.
Oi Andrea,
Muito bom esse post. Eu adoro cinema e eis um filme que não assisti. Já vou reservar para minha próxima sessão. Também não sabia que a obra era da Clarice Lispector.
Parabéns!