Raphaello Sanzio Escola de Atenas (Afresco).
circa 1508- 1511.
Em 15 de outubro de 1947, comemorou-se, pela primeira vez, o Dia do Professor. A data coincidia com a festa da educadora Santa Tereza D’Ávila. A inciativa fora tomada por um grupo de professores do Colégio Caetano de Campos, em São Paulo – história que contei no texto
Por que o dia do professor é em 15 de outubro?, publicado em meu blog
Leio o Mundo Assim. Para comemorar a data de modo diferente, convidei um professor e um estudante – Robson Garcia Freire e Laurindo Stefanelli – para uma conversa.
Robson Freire
O professor Robson Garcia Freire é responsável pelo blog
Caldeirão de Ideias. Nunca nos vimos. Eu o conheci por meio do grupo de discussão Blogs Educativos, moderado pela professora Fátima Franco. Ali, passei a observar as suas valiosas contribuições. Mais tarde, tornei-me leitora do blog e sua seguidora também no
Twitter (@robsongfreire), rede social que ele usa para divulgar artigos do Caldeirão e sugerir também outros artigos sobre educação.
Há quanto tempo está no magistério?
15 anos (27 anos de serviço público).
Antes de lecionar teve em alguma outra atividade profissional?
Ajudante de Cozinha, Técnico de Suporte, Computação e Processamento.
Por que escolheu essa carreira? Quais eram suas expectativas sobre a profissão?
O destino me levou a ser professor. Eu fui escolhido por ela. As maiores possíveis visto que fui pescado pelo cheiro do giz e pelo barulho das crianças.
Em algum momento, pensou em abandonar a carreira docente? Por quê?
Nunca, pois foi uma escolha feita com o coração.
Qual momento, em sua trajetória profissional, causou-lhe mais emoção?
Quando meus alunos do EJA presentearam-me com um enorme abraço coletivo. Havíamos feito uma aposta em que eu disse que estava escrevendo aprovado à caneta nos nomes de todos os alunos em meu diário de classe, pois eu tinha certeza que ali não havia perdedores. Eles se mostraram guerreiros: ajudaram uns aos outros, superaram-se e conseguiram ser aprovados. Então, quando eu estava dizendo a eles do imenso orgulho que eu tinha deles, todos eles vieram e me abraçaram. Chorei copiosamente por 15 minutos. Foi realmente um dia mágico e inesquecível.
Muito se tem falado em tecnologias da informação e comunicação aplicadas à educação (TIC). O seu blog, Caldeirão de Ideias, é um exemplo disso. Em que momento, percebeu que era preciso aliar educação e tecnologias?
Por causa de minha formação tecnológica sempre tive a tecnologia como horizonte. Então, quando cheguei à educação, o fazer tecnológico ganhou um significado diferente para mim que até então era apenas funcional. Na educação, a tecnologia é um divisor de águas, significa o poder nas mãos de quem aprende, da colaboração, do rompimento das barreiras, do construir seu próprio caminho.
Se pudesse enviar uma solicitação ao ministro da Educação, o que pediria?
Amai seus mestres e os valorizai.
Qual educador gostaria de homenagear no dia 15 de outubro?
Meu prêmio eu daria para meu primeiro mestre que acreditou em mim. Dalton. Ele um dia me disse: Menino o mundo é de quem sonha, acredita e realiza. Por isso eu venho sonhando, acreditando e realizando os meus pequenos milagres na sala de aula todos os dias de minha vida, mas gostaria de deixar uma menção especial para a professora Léa Fagundes por ser aquilo que eu um dia gostaria de ser.
Laurindo Stefanelli
Laurindo Stefanelli é metalúrgico e estudante de Letras na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Eu o conheço há algum tempo e, no ano passado, fui sua entrevistada para um trabalho da faculdade, cuja abordagem era o trabalho do revisor de texto. Hoje, ele contribui apresentando aos leitores a perspectiva de quem ainda se prepara para o magistério.
Qual é o seu curso de graduação?
Letras Vernáculas e Clássicas
O que lhe motivou a escolher esse curso?
Primeiro, para ter uma nova visão de mundo; segundo, porque eu sempre gostei de escrever e ler (nesta ordem mesmo);terceiro, porque é um curso para formação de professores. É a profissão que mais admiro, logo depois dos pedreiros, que, aliás, acho que deveriam ser chamados de construtores.
O que vocês quis dizer com “nova visão de mundo”?
Eu penso que o profissional que se forma hoje em dia em cursos de teor mais técnicos, mesmo os de graduação, não tem uma visão do mundo, digo de conhecimentos como o literário e o artístico. Já os cursos na área de humanas, dão-nos essa visão mais ampla do mundo.
Antes de se matricular, informou-se sobre o curso ou o mercado de trabalho?
Sim, mas a gente só entende como um curso de graduação funciona de verdade a partir do momento em que ingressa na faculdade. O mercado de trabalho não foi minha preocupação inicial, pois eu já tinha outra profissão; eu sou metalúrgico.
O que exatamente você buscou saber sobre o curso?
Eu tenho uma amiga que é professora e foi ela quem me fez a cabeça. Inicialmente, eu pretendia fazer o curso de História, mas, com a informações que obtive dessa minha amiga, professora da área de Letras, percebi que esse curso de Letras me satisfaria bem mais, já que eu me mostrava um apaixonado pela literatura e já ter algum conhecimento. Eu imaginava que o curso de História abriria mais caminhos, mais perspectivas de saber, mas ela me fez perceber que, dentro do curso de Letras, eu também adquiriria conhecimentos históricos, pois são áreas muito afins.
Como você, ainda como estudante, percebe as políticas para educação?
Todos sabemos que o alicerce para que um país cresça é a educação e, se um governante que de fato levar o Brasil para um condição mais digna, deve investir nessa área. Professores precisam ser valorizados depois que passam as campanhas políticas.
Os cursos de licenciatura cada vez são menos procurados e isso se deve a dois fatores: ao baixo salário que se paga ao professor e à violência por parte de alguns alunos em sala de aula. Portanto, escolas mais bem equipadas e professores mais bem remunerados é fundamental.
Todos os governantes dizem que é preciso criar políticas para melhorar a educação e o foco de suas campanhas comumente voltam-se para essa área, mas percebemos que, apesar dessa aparente preocupação, muito pouco é feito para melhorar o quadro da educação no Brasil.
Qual educador gostaria de homenagear no dia 15 de outubro?
Eu homenagearia duas pessoas. Uma professora do primário, Vilma Eva Vieira, e o meu professor orientador do meu primeiro ano no curso de Letras: o Fred (Frederico Fernandes).
Fica aqui o meu agradecimento ao Robson e ao Laurindo, por terem atendido ao meu convite; ao Valério Alexandre por ter me ajudado a elaborar as perguntas e a todos os meus colegas de profissão que brigam por educação de qualidade. Feliz Dia dos Professores!
Na época da publicação, eu perdi, mas agora valeu a pena! Parabéns por sua ideia super criativa e interessante. Parabéns ao Robson e ao Laurindo, dois exemplos que nos enchem de esperança de um futuro melhor para nossos jovens e para nossa categoria!
Obrigada, Jenny! Eu adorei fazer essas entrevistas!
Obrigada, Lúcia, Fernanda, Cybele e Dani pelos comentários e pela visita.
Adorei as entrevistas…ainda mais que um dos entrevistados é um amigo meu!! Parabéns à Andréa e também ao Lau!! Sucesso pra vcs!!
Olá Andrea, tudo bem?
Passando para lhe deixar um alozinho pelo dia de hoje. Espero que o seu Dia do Professor tenha sido muito especial.
Adorei ler a entrevista do Robson Freire. Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente no Educadores Inovadores e ele é uma simpatia.
beijinhos e sucesso sempre!
Cybele Meyer
http://educaja.com.br/
Olá, Andréa!
Parabéns pela entrevista. Robson é um profissional espetacular, uma referência.
Vim agradecer a sua visita e me encantei com seu blog. Já virei seguidora.
Bjs…
Valeu a pena esperar pela surpresa, Andréa.
Ótimas entrevistas! Um grande abraço a todos os colegas.