13 de maio é o dia em que se celebra a Abolição da Escravatura no Brasil. A população africana escravizada aqui deixou vestígios em vários aspectos culturais: música, dança, religião, estética, culinária, literatura e linguagem.
Do século XVI ao século XIX, cerca de 4 milhões de negros foram trazidos para o Brasil. Estes africanos provinham basicamente de duas regiões: a região banto (abaixo da linha do Equador) e a oeste-africana, que compreende os países do Senegal à Nigéria. Somente na região banto, de onde vinha a maior parte dos negros escravizados, havia cerca de 500 línguas.
Desde o século XVI, a população negra, usada como força de trabalho, já era superior ao grupo de portugueses e outros grupos europeus; os negros estavam no trabalho da lavoura ou na casa grande, onde as mulheres negras serviam de “ama de leite” aos filhos dos senhores. Este contato muito próximo provocou o aprendizado de fragmentos da língua portuguesa que os africanos adaptavam aos seus dialetos familiares. Deste modo, a negra da casa e o negro “bilíngue” exerciam influência linguística sobre os outros negros.
Esse encontro do banto com a língua portuguesa resultou em empréstimos e adaptações linguísticas para os dois grupos linguísticos. O banto deixou vocábulos associados à escravidão: senzala, quilombo, mucama. Algumas vezes, vocábulos portugueses foram substituídos por termos adaptados das línguas africanas: caçula (em lugar de benjamim), xingar (em lugar de insulto). A língua portuguesa falada no Brasil transformou-se, no contato com as línguas africanas e as línguas indígenas – como as variações do tupi – em uma língua mestiça.
Algumas palavras portuguesas de procedência africana:
Nomes geográficos: Bangu, Benguela, Guandu, Quilombo.
Divindades, práticas religiosas, sacerdotes religiosos, crendices: Iemanjá, babalaô, candomblé, mandinga, macumba, zumbi.
Danças, instrumentos musicais: batuque, jongo, lundu, maracatu, samba, agogô, afojé, berimbau.
Alimentos, iguarias, bebidas: abará, acará, acarajé, angu, mugunzá, vatapá, cachaça.
Animais: caxinguelê, camundongo.
Árvores, frutas, legumes, plantas: chuchu, jiló, maxixe, quiabo.
Doenças: cachumba, banzo.
Vestes, enfeites, objetos de uso pessoal: cachimbo, carimbo, miçanga.
Habitação, local de reunião ou cárcere: quilombo, senzala, benguê, cafua.