Língua Portuguesa

O que houve com o hífen e os prefixos?

Uma  das regras do novo Acordo  Ortográfico  que mais   provocaram  estranheza foi  a que diz respeito  ao  uso do  hífen. Algumas  orientações  do  documento  foram   publicadas  aqui  no  blog e   hoje observamos  o  uso deste  sinal  nas   formações  com prefixos.

O acordo separa o   uso  em   dois   grupos:


1. Prefixos
ante- anti- circum  sobre- pós- pré- pró- super- contra- sub- entre- ultra-  extra- supra- hiper- infra-  intra-  co-

2. Falsos  prefixos  de   origem   grega  ou latina
aero- arqui – bio- geo- inter- maxi – mini- neo- pluri – pseudo- semi – micro – agro- auto- eletro- hidro- macro- muilti – pan- proto- retro- tele-

Nestes   dois   grupos   só  se  emprega o   hífen:

a. se  o   2º  elemento  começa por h: anti-higiênico, co-herdeiro, sobre-humano, geo-história, neo-helênico.

“Pedro   fez um esforço  sobre-humano na  maratona.”

b.  nas    formações em  que o prefixo ou  falso  prefixo  termina  na   mesma vogal com que se  inicia  o  segundo  elemento: contra-almirante, micro-ondas.

“Comprei  um forno  de   micro-ondas”.

Obs.: Tradicionalmente, no entanto, o prefixo co–   aglutina-se  com  o  segundo  elemento  em  alguns  vocábulos: coordenar, coordenador,  coordenação, cooperar.

c.  com  os  prefixos circum– e  pan– , quando o  segundo  elemento   começa  por  vogal, m ou  n e  h: circum-escolar, circum-navegação, pan-americano.

O Rio de   Janeiro   já  foi  sede  dos   jogos   pan-americanos.

d.  com hiper-, inter-  e   super, quando  combinados com elementos  iniciados   por  r  ou   h (norma  existente  no acordo  anterior): hiper-requintado, super-homem.

Compramos  o DVD  do  Super-homem.

e.  com  o prefixo ex ( com  o sentido de  estado anterior ou  cessamento), sota-, soto-, vice-: ex-diretor; vice-rei.

José  de   Alencar é  o  vice-presidente  do  Brasil.

f.  com os  prefixos acentuados   graficamente pós-, pré- e  pró-, quando o segundo  elemento possui valor  independente: pós-graduação, pré-natal.

Obs.:  Continuam  sem   hífen:  pospor,  prever, propor.


Quais os vocábulos  que   não   são escritos  com  hífen:

a.  Não  se  emprega hífen  quando o  prefixo termina  em  vogal e o segundo elemento  começa  por r ou s, devendo –se duplicar  essas  consoantes, prática   já  corrente nos domínios  científico e tecnológico: antirreligioso, antissemita, contrarregra, contrassenha, cosseno, infrassom,  minissaia.


Nota:  Muito se  falou sobre  o   uso  do hífen  antes de elementos iniciados por  r e s, até mesmo  que   guarda-roupa passaria  a ser  escrito sem  o sinal.  Esta  regra vale, no entanto, como   lemos  acima  para  a  composição  com  prefixos  ou falsos  prefixos.  Uma breve consulta ao  Vocabulário  Ortográfico da  Língua  Portuguesa, editado  pela  Academia  Brasileira de  Letras,  desfaz  o   mito  que  se   formou  há  alguns  meses: guarda-roupa , guarda-roupeiros, guarda-rodas, guarda-sol.


b.  Nas  formações  em que  o  prefixo ou  pseudoprefixo  termina em vogal e o segundo  começa  por  uma  vogal   diferente, prática   já  adotada  em  alguns  meios  técnicos>  antiaéreo, coeducação, extraescolar, aeroespacial, autoestrada.

c. Não se  usa   hífen  nas  palavras    formadas  por  sufixação. Fazem-se exceção  os  compostos com termos   de origem   tupi-guarani (açu,  guaçu e  mirim):  amoré-gauçu,  anajá-mirim.

 

 

 

Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

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