Xoán Lagares, professor do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem na Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolve pesquisas sobre política linguística e história social das línguas. É organizador, em parceria com o professor Marcos Bagno (UnB), de Políticas da norma e conflitos linguísticos, publicado pela Parábola Editorial em 2011. Em Qual política linguística?: desafios glotopolíticos contemporâneos, Lagares propõe a reflexão sobre as relações existentes entre linguagem e política nos dias atuais.
Políticas da norma e conflitos linguísticos contém capítulos com questões teóricas sobre variação, norma, ideologias linguísticas, línguas minoritárias, bilinguismo e os conceitos sobre o que é uma língua. Quem ler Qual política linguística notará o diálogo com a obra anterior. Assim como a publicação de 2011, a de 2018 é de fácil compreensão por qualquer pessoa que desejar saber o que são políticas linguísticas e isso já pode ser percebido nas páginas da Apresentação. O professor Xoán — nascido na Galiza em 1971, época em que o registro civil com nome galego era proibido pelo governo espanhol — traz um belo relato sobre como, em 1990, a adoção da grafia galega de seu nome passou a representar sua militância política e o seu ativismo linguístico. São páginas que, além de mostrar quem é o autor, ajudam o leitor a compreender o que é política linguística: a língua é um elemento de unificação territorial e deixar de ser Juan para tornar-se Xoán associava aquele jovem galego a “políticas de esquerda e federalistas ou independentistas”. (p.11)
Para tratar das questões políticas envolvidas nos estudos de linguagem, o professor traz o termo glotopolítica, termo ligado aos estudos sociolinguísticos e pouco referenciado na literatura sobre linguagem e política. O pesquisador traça um percurso histórico dos estudos em que o conceito aparece: de Robert Hall, em 1950, a Calvet, em 2007, a fim de explicar que o que é glotopolítica. Em uma live transmitida pelo canal da Parábola Editorial em 12 de julho de 2018, o professor respondeu a perguntas sobre o tema:
Duração: 1h15min. Se não conseguir visualizar o player, assista no YouTube.
Em Qual política linguística, obra dividida em cinco capítulos, o autor discute o papel do Estado na consolidação de uma língua nacional e, por meio desta, a construção de uma consciência nacional; as funções sociais das línguas; a existência de minorias linguísticas e como estas podem ser reprimidas; as dinâmicas normativas e as ideologias linguísticas. Cabe destacar a reflexão que o professor propõe, no terceiro capítulo, ao tratar das minorias linguísticas: “Ser minoria não é uma questão numérica. As minorias existem sempre em relação a uma posição hegemônica dada”. A partir dessa frase, que abre o terceiro capítulo, o leitor talvez se sinta levado de volta à história do nome Xoán: a língua galega é minoritária em relação à língua castelhana, oficial no território espanhol.
No mesmo capítulo, Lagares discute sobre as formas de repressão linguística e sobre os direitos linguísticos. Aqui o professor destaca a importância da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos (assinada em 1996) e da Carta Europeia das Línguas Regionais e Minoritárias (assinada em 1992). É possível que o leitor pense nas línguas indígenas brasileiras, minoritárias se pensarmos na hegemonia da língua portuguesa no território brasileiro.
Os capítulos finais tratam das dinâmicas normativas e do ativismo linguístico. Lagares traz, então, a discussão sobre o senso comum a respeito de norma-padrão, a concepção de língua em Sausurre, a linguagem como uma prática social e, por fim, o conceito de ideologia linguística.
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muito interessante! Gosto muito de sociologia, ainda mais relacionado a linguística!
Oi, Margarete! Muito bom ter você por aqui. Eu estou encantada com esse livro. Fui aluna do Xoán, então a leitura me levou de volta às aulas dele.