10 livros que o graduando em Letras precisa ler

Alguns dias atrás, eu pedi uma ajuda aos  meus seguidores  nas redes sociais: suas sugestões para uma lista com os  10 livros que um graduando em  Letras precisa ler. Para isso, criei   um formulário que deveria ser preenchido com dados  básicos sobre o livro indicado: autor, editora, número de páginas e ─ é claro! ─ um resumo  que  justificasse a indicação.

Havia a possibilidade de  o leitor divulgar seu próprio site ou  perfil  em alguma rede social, mas  nenhum enviou link para ser publicado. Recebi apenas oito sugestões, mas  algumas foram  descartadas por não atender ao  que  fora solicitado: dois seguidores deram a mesma sugestão (compilei  os textos  enviados por  ambos);  houve até indicações sem especificação do título  da obra (por exemplo, o leitor escreveu apenas  “gramática”); outra continha apenas  quatro  palavras no resumo; uma outra apresentava um texto  que não se relacionava com o livro sugerido. Desse modo, a lista  contém apenas  três títulos enviados pelos  leitores  e foi  completada por  mim.

As duas listas demonstram  o óbvio  na formação do  profissional de Letras, principalmente se ele também estiver  se preparando  para ser um professor: o graduando nessa área não  lê apenas textos  literários e gramáticas.  Apesar do que  as pessoas pensam, a  nossa formação  é muito mais  ampla do  que isso.

 

Lista dos leitores

1. A língua de Eulália, de  Marcos Bagno

BAGNO, Marcos. A língua de Eulália: novela sociolinguística. 16.ed. São Paulo: Contexto, 2008. 219p.

Indicação dos seguidores Gabriel Mira e Jerônimo  Ferreira.

A língua de Eulália é  uma novela  sociolinguística sobre três universitárias da capital que vão passar as férias num sítio na casa da tia de  uma delas:  a  professora de linguística, Irene.  Por meio da obra, o  autor aborda o preconceito que temos com quem não domina a norma culta da língua. Eulália, uma cozinheira, representa bem o papel do não-falante do português padrão e, por meio dela,  iremos fazer profundas reflexões do que é adequado e inadequado na norma culta.

2. Casa de pensão, de  Aluísio Azevedo

AZEVEDO, Aluísio. Casa de pensão. São Paulo:  Martin Claret, 2013. 340 p.

Indicação do seguidor Odair Dias.

Romance estruturado segundo os padrões estéticos do Realismo-Naturalismo, relata a vinda do maranhense Amâncio de Vasconcelos e a sua estada na Corte ao cursar o primeiro ano na Escola de Medicina. À luz das teorias deterministas, são descritas a rotina local, sublinhando com fina ironia a degradação e a imoralidade que caracterizam o pensionato onde se instala Amâncio.

 

3. Dom Casmurro, de  Machado de Assis

Indicação da seguidora  Jussara Soares. Ela não  indiciou  nenhuma edição específica, mas  a obra pode ser baixada em PDF no  site Domínio  Público.

Trata-se de um grande mistério, bem descrito nas reações dos personagens e mostra um viés da psique . Além de trazer um contexto histórico da sociedade carioca da época.

Minha lista

 4. Gramática pedagógica do português brasileiro, de  Marcos Bagno

BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São  Paulo: Parábola Editorial, 2011.  1053 p.

Essa obra do  professor  Marcos Bagno  visa ─  conforme esclarecimentos dados pelo autor  ─  a examinar e a descrever o funcionamento  do português  brasileiro contemporâneo, destacando as suas especificidades, e a colaborar para a formação docente. O  autor considera falhos  os cursos de Letras ofertados  no  Brasil, uma vez que reproduzem ideias, muitas vezes, obsoletas.  Destaca-se na Gramática  Pedagógica  o capítulo final sobre a didática do português brasileiro.

5. Ensino de língua portuguesa: oralidade, escrita, leitura

ELIAS, Vanda Maria (org.) Ensino de  língua portuguesa: oralidade, escrita, leitura. São Paulo: Contexto, 2011.

O livro é  composto por dezoito capítulos divididos  em três  partes: oralidade, escrita, leitura. Na primeira, os  autores discutem a abordagem  do ensino  no  que  diz  respeito à oralidade. O livro propõe a reflexão sobre o fato de  a  escola privilegiar o ensino modalidade escrita da língua.

6.  O  texto  na sala de aula, de João Wanderley Geraldi

GERALDI, João  Wanderley (org.). O texto  na sala de aula. São  Paulo: Ática.  125 p.

O livro é uma coletânea de doze artigos organizados em quatro tópicos que atendem aos  diversos questionamentos  sobre a  formação docente e a  prática: fundamentos, práticas de sala de aula, leitura na escola e produção textual na escola.  Os autores  também  propõem  o debate sobre  o ensino de  Literatura como  um pretexto  para o  ensino de regras gramaticais, o  que  inviabilizaria o desenvolvimento do prazer da leitura.

7. Educação e emancipação, de Theodor Adorno

ADORNO, T.W.  Educação e emancipação. São Paulo: Paz e Terra,   1995.

O autor afirma que  lutar contra a barbárie  é uma luta urgente da Educação. Adorno  faz uma análise  da situação educacional das crianças  polonesas e alemães após a Segunda Guerra Mundial. O  graduando em Letras não tem apenas  disciplinas teóricas e práticas voltadas aos estudos literários e aos estudos  linguísticos; se o estudante fizer concomitantemente a Licenciatura, ele também deve aprender a pensar sobre como fatores sociais interferem no ensino. Os questionamentos do autor podem ser atualizados para a realidade brasileira: a violência urbana interfere  na nossa Educação?

8. História da educação e da pedagogia, de Maria Lúcia de Arruda Aranha

ARANHA, Maria Lúcia A. História da Educação e da Pedagogia – Geral e do Brasil. 3.ed. São Paulo: Moderna, 2006. 384p.

Essa obra já   foi  indicada aqui no  blog em outro  momento.  O  livro de Maria  Lúcia Aranha é  composto  por doze capítulos. Em cada um deles, a autora aborda a questão educacional de acordo com um contexto histórico: da educação tradicionalista presente na Antiguidade oriental à educação do século XXI, mediada pelas tecnologias da educação.

9. Português no Ensino  Médio e formação do professor, de Clecio Bunzen e Márcia Mendonça.

BUNZEN, Clecio; MENDONÇA, Márcia. Português no Ensino Médio e formação do  professor. São Paulo: Parábola, 2006. 255 p.

A obra é  dividida em  doze capítulos e o capítulo introdutório – Sobre o ensino de língua materna no ensino médio e a formação de professores – apresenta os conceitos-chave  debatidos em  cada um deles: letramento situado, letramento  escolar, eixos de ensino, formação  do professor, prática social, projetos interdisciplinares, dialogismo, currículo, literatura,  intertextualidade, história da literatura, estilística, enunciação, gênero, composição, redação, redação escolar, oralidade,  retextualização, análise linguística, habilidades e leitura. Ainda na introdução, Márcia Mendonça e Clecio Bunzen associam a  “noção de  letramento situado  à formação do professor e ao  ensino da língua”. Leia  a resenha completa.

10.  Preciso  “ensinar” letramento?  Não basta ensinar a ler e a escrever? , de  Ângela B. Kleiman

KLEIMAN, Ângela B. Preciso “ensinar” letramento? Não  basta ensinar a ler e a escrever?   Campinas: UNICAMP, 2005. 60 p. Disponível em: https://oportuguesdobrasil.files.wordpress.com/2015/02/kleiman-nc3a3o-basta-ensinar-a-ler-e-escrever.pdf .

Ângela  Kleiman  explica as diferenças entre  letramento e  alfabetização e parte dos  dois conceitos para falar da leitura não apenas  no contexto escolar, mas também como  uma prática social. A autora também desfaz  alguns  mitos acerca do primeiro  conceito e sugere atividades  simples  para a sua prática. Embora  o profissional de  Letras não seja o  responsável por alfabetizar o  aluno, é  importante  ter clareza sobre esses  termos também.

Para  conferir outros livros indicados no  blog Conversa de Português, acesse a categoria Dicas de Livros.

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