Sempre ouvimos alguém dizer que a leitura – assim como a escrita – é importantíssima para as nossas ações diárias e creio que ninguém discorde dessa afirmação. Que estratégias de leitura podem melhorar nossa compreensão dos textos?
Afinal, o que é leitura?
Equivocadamente, muita gente acha que a leitura está restrita apenas à aquisição da técnica de decodificar símbolos gráficos – a alfabetização – e que isso seria o suficiente para o indivíduo realizar também a compreensão do texto. A leitura é, na verdade, uma combinação de competências.
“Um leitor competente reconhece a incompletude do discurso, leva em consideração pressupostos e subentendidos, o contexto situacional e histórico, a intertextualidade, explicita os processos de significação do texto, os mecanismos de produção de sentidos.” (MEDEIROS, 2006, p. 77)
Koch e Elias (2008) lembram que essa habilidade é uma atividade que leva em conta as experiências do leitor e exige dele “mais do que a compreensão do código linguístico ” (p. 11). As autoras afirmam que o leitor, ao ler e processar o texto, recorre a três sistemas de conhecimento:
Conhecimento linguístico. Abrange o nosso conhecimento gramatical e o vocabulário.
Conhecimento enciclopédico. É aquele a que chamamos de conhecimento de mundo e corresponde às nossas vivências pessoais.
Conhecimento interacional. Refere-se à forma como interagimos por meio da linguagem: Conseguimos reconhecer os propósitos do autor do texto? Selecionamos bem a variedade linguística adequada a cada situação comunicativa? Sabemos reconhecer e usar os diversos gêneros textuais?
Que estratégias de leitura podemos utilizar para compreender um texto?
Ao ler, é preciso que tenhamos clareza sobre os nossos objetivos de leitura: busca de informações do cotidiano em jornais, revistas ou sites; realização de um trabalho acadêmico ou escolar; entretenimento (poema, conto, romance); realização de uma consulta (dicionários, enciclopédias, sites de busca). Koch e Elias afirmam que são os objetivos de leitura que determinam as estratégias a serem utilizadas. Abaixo, listamos cinco estratégias que podem ser usadas quando estamos estudando.
I. Visão geral do texto
Primeiro, tente se familiarizar com texto. Observe a estrutura: meio de veiculação do texto, autor, título, subtítulos, gênero textual, assunto, ordem em que as ideias são expostas e outros dados relevantes sobre o texto.
II. Estudo do vocabulário
Há alguma palavra, no texto lido, cujo sentido não sabemos? É possível inferir o significado pelo contexto ou precisaremos consultar um dicionário?
III. Observação da linguagem não-verbal
A linguagem não-verbal corresponde a todas as informações não expressas apenas por palavras: cores, símbolos, mapas, gráficos, tabelas, quadros. Nesse caso, é necessário observar todos os dados com muita atenção.
IV. Identificação da essência do texto
O leitor deve buscar compreender cada parágrafo, uma vez que em cada um deles há uma ideia desenvolvida. É fundamental reconhecer o tópico frasal presente em cada um.
Nesse momento da leitura, o leitor deve tentar responder a quatro perguntas: Quais são as principais proposições do texto? Quais os argumentos? Qual é a tese defendida? Como avaliar as ideias propostas?
V. Resumo do texto
A palavra resumo não está utilizada aqui como um gênero textual a ser produzido após a leitura – embora, também possa ser uma boa estratégia de estudo. O sentido de resumo aqui é o de organização daquilo que o leitor compreendeu do texto original, após cumprir as outras etapas.
Leia mais no blog:
Estruture o parágrafo. Aprenda o que é tópico frasal.
Referências bibliográficas:
KOCH, I.V.; V.M. ELIAS. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2.ed. São Paulo: Contexto, 2014.
MEDEIROS, J.B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 8.ed. São Paulo: Atlas, 2006.
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