Em 2012, o Governo brasileiro, por meio do Ministério da Promoção da Igualdade Racial, lançou o Prêmio Mulheres negras contam sua história. O Prêmio, uma iniciativa da Secretaria de Políticas para Mulheres, visava a valorizar as histórias contadas por mulheres autodeclaradas negras em duas modalidades de texto: redação (cujo gênero textual não estava muito claro no edital) e ensaio. Assim, foram premiadas as cinco melhores redações e os cinco melhores ensaios. A premiação aconteceu em 23 de abril de 2013 e a coletânea de textos foi publicada em formato impresso no mesmo ano. Hoje, 20 de janeiro de 2015, o texto foi disponibilizado no site Slideshare, o que é uma excelente oportunidade de leitura para quem não teve acesso à versão impressa. Chamo a atenção especialmente para o ensaio Teias da memória e fios da história: laços e entrelaços, de Doris Regina Barros da Silva.
Logo assim que a coletânea foi publicada, eu fui presenteada com um exemplar, que me foi dado por Doris, com quem trabalho em uma instituição federal de ensino. O texto, que conta não apenas a história de sua autora, mas também a de sua família, apresenta muitos questionamentos: por que o pai – migrante de Alagoas – dera-lhe o nome de uma atriz loira com quem ela nunca se identificou? Qual seria a história de Aurora, Manuel Dias e Maria da Penha, seus antepassados, de quem se sabe muito pouco? Por que resgatar sua ancestralidade era tão importante para (re)conhecer a si mesma?
O ensaio – que tem um tom narrativo – conta uma bonita história de reconhecimento de identidade, em um processo que atravessou todas as fases de sua vida: na infância, a compreensão sobre a religiosidade de sua família (a tia-avó tinha um terreiro de Umbanda), a ida para as “escolas de fundo de quintal”; na pré-adolescência, a mudança da Baixada Fluminense para um bairro da zona norte do Rio de Janeiro e a saudade que sentia do quintal dos tios; na vida adulta, o seu posicionamento como pesquisadora em Educação, voltada para a valorização da cultura de seus ancestrais.
Eu conheço o trabalho de Doris e sua “briga” para valorizar a cultura negra. Em 2011, participei de um projeto educacional seu, desenvolvido com alunos do ensino fundamental da rede municipal de Nilópolis (RJ) e estudantes do Instituto Federal onde trabalhamos. Naquele mesmo ano eu publiquei, aqui no blog, dois textos que descreviam algumas das atividades desenvolvidas no projeto da pedagoga: África na escola e África na escola: Pretos Novos.
Para ler a versão digital do livro Mulheres negras contam sua história, disponibilizada no SlideShare clique AQUI. Para baixar o arquivo disponibilizado pela Secretaria de Políticas para Mulheres, clique AQUI.
Assista ao vídeo de divulgação da cerimônia de premiação, que aconteceu em Brasília:
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Leia mais sobre a premiação:
Prêmio “Mulheres negras contam sua história” terá novas edições.
Atualização em 23/03/2015: Você leu algum livro interessante e gostaria de sugerir? Participe da nossa coluna O LEITOR INDICA!
Referência bibliográfica:
SILVA, D.R.B. Teias da memória e fios da história: laços e entrelaços. In: BRASIL. Prêmio Mulheres negras contam sua história. Brasília: Presidência da República, Secretaria de Políticas para Mulheres, 2013. p. 126-155 Disponível em <http://pt.slideshare.net/EmanuelleAduniGoes/mulheres-negras-contam-sua-histria>. Acesso em 20 jan 2015.