Será que o brasileiro é um bom público leitor? Será que há políticas públicas de incentivo à leitura? Será que a escola cumpre seu papel de formadora de leitores? O que nós podemos fazer para incentivar a leitura e espalhar conhecimento por aí? Foram essas perguntas que me fizeram aderir à campanha 9º BookCrossing Blogueiro, organizado por Luma Rosa, proprietária do blog Luz de Luma.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2012 e divulgada em setembro de 2013, a taxa de analfabetismo entre a população brasileira com idade igual ou superior a 15 anos é de 9,6%. Pesquisa semelhante realizada pela UNESCO ─ Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ─ constatou a redução do analfabetismo entre a população adulta, mas o número ainda é muito alto: 774 milhões de adultos no mundo não têm acesso à escola e, desse total, 64% são mulheres.
Por alfabetização entendemos a “capacidade de o indivíduo dominar o código alfabético e comunicar-se por meio da escrita” (KLEIMAN, 2005, p. 10). O uso social que se faz da leitura e da escrita tem sido chamado de letramento ─ termo que apareceu, pela primeira vez, na literatura educacional brasileira em 1986, com a publicação de No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, de Mary Kato. Assim, caberia ao professor promover práticas diárias de leitura de jornais, revistas, livros e observação do ambiente social em que o estudante se insere. Paulo Freire, em diversas de suas obras, afirmava que não basta ensinar a decodificar o texto; a aquisição da leitura tinha que promover a transformação da vida do indivíduo alfabetizado, a fim de que ele mesmo fosse capaz de buscar seus direitos sociais. Compreendemos, portanto, que Freire falava de letramento.
O Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas informa que há 6.062 bibliotecas públicas, instaladas em 98% dos municípios brasileiros. Além disso, existem programas organizados pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Cultura: Programa Brasil Alfabetizado, cujo objetivo é a alfabetização de jovens e adultos em cidades onde a taxa de analfabetismo é superior a 25%; Programa Nacional Biblioteca da Escola, que visa à aquisição de livros didáticos e obras em braile; Programa Nacional de Incentivo à Leitura , projeto de valorização social da leitura e da escrita vinculado à Fundação Biblioteca Nacional e ao MINC, e o Plano Nacional do Livro e Leitura, cujos objetivos são: democratizar o acesso, fomentar a leitura e a formação de mediadores de leitura, valorizar as instituições de promoção de leitura e incentivar o mercado editorial.
Além das iniciativas governamentais, qualquer pessoa pode e deve promover o gosto pela leitura. Foi com esse pensamento que Luma Rosa organizou a campanha BookCrossing Blogueiro, que chega à nona edição no próximo dia 8 de novembro.
O evento é um grande movimento de libertação de livros. O participante deve escolher um livro e deixá-lo em um espaço público e movimentado para que a obra seja encontrada por um outro possível leitor. O BookCrossing Blogueiro é, assim, uma linda campanha de incentivo à leitura e ao letramento.
Como é feita a adesão ao movimento?
1. Escolha um livro.
2. Coloque dentro um bilhete com a explicação de que o objeto não está perdido e convidando quem o encontrou a lê-lo e passá-lo adiante.
3. Deixe-o em um lugar público.
4. Se você tiver um blog, escreva um artigo contando como foi sua experiência.
5. Se você não tem um blog, mas está nas redes sociais, divulgue sua ação por lá. Nosso movimento também está sendo divulgado no Facebook!
6. Se você não tem blog, nem conta nas redes sociais, participe assim mesmo; ou apenas divulgue a ação entre seus amigos!
A Trícia, proprietária do blog Espelho de si, criou um vídeo para o movimento. Ele foi elaborado para a edição de 2013, mas ficou tão legal que eu pedi sua permissão para usá-lo também.
Se não conseguir visualizar o player, clique AQUI.
Referências:
KATO, M. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. 3.ed. São Paulo: Ática, 1990.
KLEIMAN, A. Preciso “ensinar” o letramento? Não basta ensinar a ler e a escrever? Campinas: Unicamp, 2005. (Coleção Linguagem e Letramento em Foco). Disponível em <http://www.iel.unicamp.br/cefiel/alfaletras/biblioteca_professor/arquivos/5710.pdf>. Acesso em 03 nov. 2014.