O título da pintura que ilustra este texto é Quebradores de pedras, de Gustave Coubert, e foi classificada por Pierre-Joseph Proudhon (filósofo francês) como a primeira obra socialista. O diferencial dessa obra é o fato de retratar a classe operária no exercício de sua função. Coubert retratava pessoas comuns em situações reais. Na literatura, o Realismo é o movimento que, afastando-se da idealização característica do Romantismo, aborda temas, até então considerados tabu, como o incesto, a infidelidade, o questionamento religioso.
Quais movimentos literários surgiram no século XIX?
Três grandes movimentos literários surgiram na segunda metade do século XIX: Realismo, Naturalismo e Parnasianismo. Coutinho (1995) lembra-nos de que “antes de se concretizarem numa época histórica, eles eram técnicas ou temperamentos artísticos” (p. 178). Em literatura, o Realismo indica a preferência pelos fatos e a descrição da sociedade como ela de fato é – o que o afasta do idealismo romântico. A palavra foi usada pela primeira vez em 1857 por Champfleury; no mesmo ano, Gustave Flaubert lançou Madame Bovary, o que marcou a fixação do Realismo na França. Em 1885, o termo foi definitivamente associado às artes visuais com a publicação do catálogo da exposição de Coubert.
Quais são as características do Realismo?
- Apresentação da realidade e objetividade. Ao contrário do que acontecia no movimento artístico e literário anterior, o escritor realista busca fugir do sentimentalismo e da artificialidade. Na tentativa de descrição objetiva da realidade, os escritores e pintores passaram a retratar a classe social que melhor representava as cidades: os operários.
- Retrato fiel dos personagens. Os incidentes do enredo são decorrentes do caráter dos personagens. O Realismo coincide com o desenvolvimento da Psicologia.
- Narrativas lentas. A narrativa realista é rica em detalhes; há um interesse maior pela caracterização do que pela ação. Assim, temos textos em media res (em que o início da obra não coincide com o início da história contada).
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou exatamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: a diferença radical entre este livro e o Pentateuco. (ASSIS, 1994, p. 17)
- Retrato da vida contemporânea. O artista do Realismo preocupa-se em retratar homens e mulheres, emoções, sucessos e fracassos. A arte será um retrato das minas, cortiços, cidades, fábricas, política, relações conjugais. Essa característica aparecerá também no Naturalismo, que se configura como uma ampliação do ideal realista. A obra Dom Casmurro, de Machado de Assis, é um exemplo dessa representação do cotidiano: a instituição do matrimônio é questionada por meio da desconfiança de Bentinho. O mesmo podemos observar em O primo Basílio, do português Eça de Queirós.
Qual é o momento histórico do Realismo?
O momento histórico em que se insere o Realismo é a Revolução Industrial. O uso das máquinas chegou também ao campo e muitas famílias ficaram sem sua fonte de sustento, o que as empurrou em direção às cidades, que não tinham como acomodar tantos operários recém-chegados.
No Brasil, o período coincidiu com o reinado de D. Pedro II e a valorização das lavouras de café, cacau e extração de borracha. O progresso propiciado pela industrialização não combinava com a exploração de mão de obra escrava e as ideias abolicionistas – herdadas da Terceira Geração do Romantismo – davam o tom da literatura ao lado das correntes republicanas e científicas. Enquanto isso, em Portugal, o grupo liderado por Antero de Quental propunha a mudança da literatura e da sociedade portuguesa, o que foi compreendido pelo governo como um atentado ao Estado e à Igreja. Do grupo português participaram Antero de Quental, Teófilo Braga, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueira.
Leia mais no blog:
Bibliografia:
ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1994.
COUTINHO, A. Introdução à literatura no Brasil. 16.ed. São Paulo:Bertrand, 1995
o Realismo o principio do acesso, e pensar sobre as mudanças com um novo olhar na arte do uso das cores, forma, luz, e fatos reais como arte operária humana no decorrer da história… Principalmente por: ‘Retrato fiel dos personagens’, e ‘O Realismo coincide com o desenvolvimento da Psicologia’.g
Realismo é uma corrente filosófica que visa na origem do conhecimento, ou seja, teoria do conhecimento. Portanto, realismo´é a corrente que defende que o conhecimento vem das coisas reais, isto é, com os objectos, coisas materiais. Podemos comparar comparar com a corrente materialista.