Sabemos que a língua portuguesa originou-se do latim vulgar – variedade linguística utilizada para a conversação e praticada por pessoas pertencentes a diversas classes sociais. O que sabemos, ainda, é que outras línguas também contribuíram para a formação do vocabulário de nossa língua. Assim, podemos dizer que são três as fontes do léxico português: origem latina, origem estrangeira, origem vernácula. Neste texto, abordaremos um pouco de cada uma delas.
As palavras latinas que formam o vocabulário português vêm de formas populares e formas eruditas daquela língua. As populares sofreram grandes alterações fonéticas (linguisticamente chamadas de metaplasmos), enquanto as eruditas vieram diretamente do latim clássico – a variedade utilizada para a escrita de documentos oficiais e textos literários. Ferreira (1988) lembra-nos de palavras como “delicado” e “delgado”, ambas originadas do latim delicatus; o primeiro termo levá-nos à forma erudita, enquanto a segunda representa a popular, resultante dos metaplasmos.
As palavras de origem estrangeira podem ser divididas em cinco grupos: ibéricas; germânicas e árabes; línguas europeias medievais; africanas, americanas e asiáticas; línguas europeias (século XVII). O primeiro grupo corresponde às línguas ibéricas antes e após a romanização da Península Ibérica e termos orientais (lousa, morro, carrasco, cabana, Alexandre, Teodoro). No segundo grupo, estão as línguas dos conquistadores da Península após o domínio romano; correspondem aos elementos germânicos e árabes (arauto, esgrima, guia, trégua, Adolfo, Rodrigo). O terceiro grupo é formado pelas palavras oriundas das línguas europeias da Idade Média, após a formação da língua portuguesa medieval; correspondem aos vocábulos franceses, provençais, italianas e espanholas (frota, frete, flecha, jardim, loja, chapéu). O penúltimo grupo corresponde aos vocábulos incorporados depois do século XV, durante a expansão do império português (banana, girafa, chocolate, abacaxi, Moema, sabiá, Iracema, senzala). O último grupo é formado por palavras introduzidas na língua portuguesa a partir do século XVII, através de relações comerciais e literárias (castanhola, pandeiro, caudilho, façanha, bar, bife, esporte, futebol, lanche).
A origem vernácula correspondem às palavras de criação a partir do que já está presente na língua portuguesa. Este grupo é muito estudado quando observamos os processos de formação de palavras, como as justaposições, aglutinações e hibridismos (guarda-chuva, aguardente, burocracia).
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Referência:
FERREIRA, M.A.S.C. Estrutura e formação de palavras – teoria e prática. São Paulo: Atual, 1988.