José Oswald de Sousa Andrade nasceu em 1890, na cidade de São Paulo e ali faleceu em 1954. Herdeiro de uma família rica, Oswald foi estudar Direito na Faculdade do Largo de São Francisco, mas contrariando os desejos da família, partiu para Paris onde conheceu diversos movimentos artísticos como o Futurismo iniciado, em 1909, pelo italiano Felippo Tommaso Marinetti. Ele é um dos principais nomes envolvidos na organização da Semana de Arte de Moderna de 1922.
O movimento modernista propusera a releitura da identidade nacional – ideologia herdada dos poetas românticos – aliada àquilo que Oswald passou a chamar de antropofagia: era preciso adaptar a cultura estrangeira ao gosto nacional. A poesia modernista brasileira foi fundamental para a discussão da identidade linguística brasileira; uma vez que não éramos colônia política de Portugal, era preciso mostrar também que tínhamos outra cultura, outro modo de falar e escrever. O Manifesto Antropófago, publicado pelo autor em 1928, o poeta pede “a língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.” Oswald parecia entender a norma culta da língua como um elemento de exclusão social, como fica subtendido no poema Pronominais:
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
A respeito de Oswald, escreveu o também poeta Mário de Andrade no prefácio de Memórias sentimentais de João Miramar:
O mais curioso talvez dos modernistas brasileiros. […] Não organiza a brincadeira nem é farsista de intenção. Toma sempre a sério o que empreende. Acredita no que faz. Está certo de que descobriu a pólvora e agora a arte vai se remodelar.
[…]
Uma das faculdades que mais admiro em Oswaldo é esse poder certeiro de interessar e divertir. E no claunismo do criador do mito futurista brasileiro há uma qualidade ainda por destacar: não é clown de profissão. A raridade do bom palhaço vem disso. Não digo que se surpreenda neste quando trabalha, a miséria do lar distante. Muito menos paixões sem eco e outras invencionices da psicologia oitocentista. Não. Mas empana-lhe quase sempre o brilho do trabalho a monotonia da continuidade. Pois já disse que Osvaldo de Andrade acredita no que faz. Age com alma e vida, isto é: imprevisto. (ANDRADE, 2004, p. 7-8)
Uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais sobre a vida e a produção literária deste poeta é visitar a exposição Oswald de Andrade: o culpado de tudo, em cartaz no Museu da Língua Portuguesa até 26 de fevereiro.
O ator Ayrton Salvanini interpreta em grande performance a última entrevista que Oswald de Andrade deu ao jornalista Frederico Branco.
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Referências:
ANDRADE, Oswald. Memórias sentimentais de João Miramar. São Paulo: Globo, 2004
TELES, Gilberto Mendonça. Oswald Plural. Rio de Janeiro: EdUerj, 1995.
*Atualizado em 28/06/2016.