Por que escrevo? Porque a linguagem me fascina, me encanta, me intriga. Porque desde criança sempre adorei navegar nos mares das histórias – ouvindo, lendo, inventando. (Ana Maria Machado)
Em 24 de setembro de 2011, publiquei um texto sobre a escritora Júlia Lopes de Almeida que, junto com seu marido Filinto de Almeida, integrou o grupo de idealizadores da Academia Brasileira de Letras, mas foi rejeitada como membro da instituição por ser mulher. Ontem, 8 de dezembro de 2011, Ana Maria Machado foi eleita presidente da ABL. Ana é a segunda a ocupar o posto (a primeira foi Nélida Piñon) e isto é uma vitória incrível para as escritoras brasileiras e para os estudiosos de literatura infantil.
Ana Maria Machado nasceu no Rio de Janeiro em 1941. É graduada em Letras Neolatinas e pós-graduada em Linguística pela École Pratique des Hautes Études, onde foi orientanda de Roland Barthes. Sua estreia como romancista aconteceu em 1983, com a publicação de Alice e Ulisses. Em seguida, publicou Um herói fanfarrão (1994), Isso ninguém me tira (1994), O mar nunca transborda (1995), Tropical sol da liberdade (1997) e Canteiros de Saturno (1998) – publicações pelas quais recebeu importantes prêmios.
Sua incursão na literatura infantil aconteceu em 1969, ano em que começou a publicar histórias para crianças na Revista Recreio (Editora Abril), algumas das quais foram traduzidas e publicadas em revistas italianas e espanholas. Em 1977, iniciou sua produção em livro para o público infantil com a publicação de Bento-que-bento-é-o-frade. Em 1978, recebeu o Prêmio Jabuti , da Câmara Brasileira do Livro, pela publicação de História meio ao contrário. Em 1978, inaugurou, no Rio de Janeiro, a Livraria Malasartes, a primeira no Brasil especializada em literatura infantil. Em 200o, recebeu o Prêmio Hans Christian Andersen, cuja importância para a literatura infantil equipara-se ao Prêmio Nobel de Literatura.
O que significa para a literatura infantil brasileira ter Ana Maria Machado como presidente da ABL? Durante muito tempo, a literatura infantil foi tratada como produto menor e, por muito tempo também, os textos destinados à infância não eram escritos para esse público específico. Durante o século XX, autores como Monteiro Lobato, Viriato Correia e tantos outros contribuíram para a valorização da literatura infantil e juvenil. Ana Maria Machado pertence a um grupo de escritores contemporâneos dedicado ao estudo acadêmico e à produção de literatura para este público consumidor. É da autora a obra Como e por que ler os clássicos desde cedo, em que é clara a referência à obra do italiano Ítalo Calvino (Por que ler os clássicos); Ana, neste livro, propõe a discussão do papel da literatura na formação do indivíduo e tece um relato quase romanceado de suas experiências como leitora infantil.
Assista ao vídeo Menina bonita do laço de fita:
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Ana Maria Machado é eleita por unanimidade… (Notícias da ABL)
Ana Maria Machado na ABL
Ana Maria Machado (site da autora)
Referências:
COELHO, Nelly Novaes. Dicionário Crítico da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006, p. 76-77
MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos desde cedo. São Paulo: Objetiva, 2004
Andréa, que preciosidade!
Mostrarei ao meu primo de 3 anos, acho que ele vai adorar. É interessante pensar que esse texto utiliza a palavra preto, ao denominar o negro, e obviamente não é preconceituoso, muito pelo contrário. Portanto, esse texto prova que o politicamente correto é uma besteira. Um texto a que toda criança deveria ter acesso, tenho certeza de que o mundo seria melhor.
Muito obrigado por me apresentá-lo, Andréa!
Victor, eu gosto muito desse texto. Acho essa narrativa uma preciosidade. Eu tenho também a gravação com a voz da Ana Maria Machado.
Que historinha bonita!
Parabéns, Ana Maria… e Andréa hehe
Eu gosto muito dessa historinha, Lau. Beijos.