A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.
(Carlos Drummond de Andrade)
Linkar foi o verbo que usei outro dia em uma conversa. Meu amigo, ao ouvir, questionou-me dizendo que linkar é verbo e link, substantivo; e ele tem toda razão. Há, no entanto, algumas considerações a se fazer. A primeira delas é o fato de linkar ser um neologismo – uma palavra recentemente criada na língua – que não foi criado por mim e é muito usado pelos profissionais de tecnologia da informação. A segunda consiste no fato de que link é, na língua portuguesa, um empréstimo linguístico (também chamado de estrangeirismo) já adaptado pelo uso às nossas regras de formação de palavras.
Todas as línguas estão em constante renovação – algumas palavras deixam de ser usadas e outras são incorporadas ao léxico ou mesmo criadas. A esse processo de criação lexical damos o nome de neologismo. Tal processo pode ocorrer a partir de elementos da própria língua ou de outros oriundos de línguas estrangeiras.
Os empréstimos linguísticos acontecem quando utilizamos os vocábulos estrangeiros em lugar de outro de nossa língua materna. É o que acontece, por exemplo, com a palavra abajur (do fr. abajour); mouse (inglês), pizza (italiano) e tantas outras. Quando o empréstimo linguístico é sentido pelos falantes como um elemento externo à língua materna, é tratado como um estrangeirismo. É bastante comum o uso de palavras estrangeiras em textos técnicos, publicitários e outros tipos de publicações especializadas.
A professora Ieda Maria Alves, em seu livro Neologismo – Criação lexical (Ed. Ática), aborda os casos em que o neologismo é consequência de um empréstimo linguístico, como acontece com o linkar que motivou nosso texto. A professora afirma que “a fase propriamente neológica do item léxico estrangeiro ocorre quando está se integrando à língua receptora, integração essa que pode manifestar-se através da adaptação gráfica, morfológica ou semântica.” Nesses casos, temos exemplos como xampu, abajur, futebol, que em certo momento da história da língua portuguesa eram vocábulos externos a ela e posteriormente foram adaptados à nossa ortografia. Fenômeno semelhante ocorreu com os vocábulos Twitter e blog. O primeiro é um substantivo que designa uma conhecida rede social e que, em língua portuguesa, derivou tuitar (Eu tuíto, tu tuítas, ele tuíta…); o segundo derivou blogar. Tuitar e blogar são formas verbais já incorporadas à nova edição do Dicionário Aurélio. Link já aparece nos dicionários; linkar, por enquanto, está só na boca do povo. Quem sabe da língua é o povo consciente de que falar exige criatividade e de que língua estanque é uma chatice.
Leia mais no blog:
Inventando palavras – neologismos
Língua Portuguesa na literatura
Referências:
ALVES, Ieda Maria. Neologismo – criação lexical. 3.ed. São Paulo: Ática, 2007
Mas sabe que esse seu amigo chato é muito inteligente, né?
Não é ele que vive dando ideias pra você sobre matérias, tanto para o blog como para seu programa na rádio? Sem contar as ajudas nos projetos do IFRJ…
Ele é super bacana!!! Valorizo ele pra caramba!!! rsrsrsrs
É verdade, Valério! Meu amigo é gente muito boa!
Não querendo ser mais chato que seu amigo e não mais chato que o amigo da Luma, mas foi mais ou menos isso que quis dizer… o demodê foi só um charme!! rsrsrsrs
Estou quase contando quem é meu amigo chato… rs
Valério, não tente ser mais chato do que o amigo da Luma rs
Ser nacionalista não é demodê; é necessário para que valorizemos nossa própria cultura. O que não podemos ser é ufanistas – aí sim, pareceremos com o Policarpo Quaresma que não conseguia ver os problemas que o país tinha.
Eu também tenho um amigo chato. Quem não tem? (rs*) Afoito aos estrangeirismo veio corrigir que não devo escrever link e sim “linque” – Achei tão feio e na dúvida se a palavra é correta, uso link. Até porque como seria “linkar”?
Escreveríamos o que em lugar de link? Ligações? Coisa estranha… Prefiro link rsrs
Luma,
A diferença do seu amigo chato, para o amigo chato da Andréa, é que este apenas confirmou o uso do estrangeirismos no cotidiano, principalmente em questões de tecnologia. Ele apenas fez um comentário confirmando o uso de termos como linkar, blogar, upar, hackear, etc., no cotidiano moderno, por ser um cara metido a trabalhar com TI.
No caso do seu amigo chato, ele deu uma de Policarpo Quaresma, tentando ser nacionalista (que aliás, acho meio demodê para um mundo globalizado como o nosso).
Mas uma coisa é certa: o amigo da Andréa é muito, mas muito mais chato que o seu amigo. Nem eu aguento mais esse chato. Só a Andréa mesmo pra ter paciência com ele. rsrsrs
É, este seu amigo é mesmo muito chato, né? rsrsrs
Excelente texto!! Adorei!! Parabéns!
É, Valério, esse meu amigo é muito chato rsrsrs