Ludopédio é “um esporte disputado em dois tempos de 45 minutos por duas equipes de 11 jogadores cada, que, sem usar braços e mãos (com exceção dos goleiros dentro de sua área), devem jogar uma bola no gol do adversário”. Quem lê essa definição identifica imediatamente o futebol, cujo significado copiei do Minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa. A palavra que intitula este texto foi, durante a última semana, muito comentada nas redes sociais como o Twitter; o motivo era a possível indicação de Aldo Rebelo para o Ministério dos Esportes em substituição a Orlando Silva, o que foi confirmado ontem, dia 28 de outubro.
Aldo Rebelo foi muito criticado por professores de Língua Portuguesa, em 2001, quando apresentou o projeto de lei 1676, que tratava da “promoção e da defesa da língua portuguesa”. Segundo o projeto, ficaria proibido o uso de palavras estrangeiras em propagandas, estabelecimentos comerciais e os estrangeiros naturalizados há mais de um ano também estariam proibidos de usar suas línguas maternas. Se alguém tivesse levado a sério a lei do então deputado federal, pediríamos uma pizza no restaurante da seguinte maneira: “Garçom, por favor, eu quero um disco de massa de farinha de trigo, e por cima, coloque uma fatia daquele queijo amarelo clarinho. Aquele cujo nome é italiano, mas eu estou proibido de dizer…”. Na mesma lógica, futebol viraria ludopédio; abajur seria substituído por lucivéu e não teríamos mais notícias de avalanche, mas de runimol. Todas essas palavras foram propostas por um antecessor de Aldo Rebelo.
No século XIX, o gramático Castro Lopes protestou contra o empréstimo de palavras de origem francesa – os galicismos- provocando a reação de intelectuais, como Machado de Assis, que escreveu uma série de crônicas sobre o tema. Rui Barbosa também fizera um tremendo alvoroço por conta de palavras francesas usadas por Eça de Queiroz em suas obras. Em 20 de maio de 2009, Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, sancionou uma lei que proíbe o uso de “estrangeirismos” em textos publicitários.
A intenção de Aldo Rebelo não era de todo ruim. Um dos pontos do seu projeto visava a “melhorar as condições de ensino e de aprendizagem da língua portuguesa em todos os graus, níveis e modalidades da educação nacional”. Infelizmente, nosso atual ministro dos esportes (que não é formado em Letras!) desconhece que empréstimo linguístico é um fator de construção da língua – qualquer língua! Esses empréstimos são resultados do contato cultural ou da relação política entre os povos. Essas influências ficam mais evidentes no vocabulário. Assim, na língua portuguesa, temos marcas do provençal, espanhol, francês, italiano, árabe; o português brasileiro, por razões óbvias, tem marcas dos dialetos africanos de origem banto, assim como também apresenta vestígios das línguas do ramo tupi.
Se a moda de dar palpite sobre a língua portuguesa pegar e se todo mundo resolver condenar os empréstimos linguísticos, muita gente nem conseguirá assinar o próprio nome; eu teria um problemão, já que Andréa é grego. Xi… se ele lembrar da tal lei, vai ser complicado transmitir os jogos durante a Copa do Mundo.
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Estrangeirismos e uma nova lei
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Gostei do LUDOPÉDIO, em relação ao futebol e da mudança dos ministros dos Esportes. Agora a minha dúvida é a seguinte: Que nome daria em relação da troca dos ministros da pesca? Dizem que o Crivela não sabe nem colocar uma isca no anzol?rsrs