A coluna “Qual é a dúvida?” é feita com a contribuição dos leitores do Conversa de Português que enviam suas perguntas ao blog. Para participar, envie as perguntas diretamente pelo formulário de contato, conforme é explicado na página que leva o mesmo título da coluna.
Olá pessoal,
Tenho visto muitas pessoas usar “lhe”; já outras, “te”. Como nos casos abaixo:
1) João diz a Maria: Eu já te disse isso.
Qual a forma correta?
“Eu já te disse isso.” ou “Eu já lhe disse isso.”
2) Tome este remédio. Ele lhe dará imunidade.
Tome este remédio. Ele te dará imunidade.
Qual a forma correta?
3)Maria diz a João: Eu já te dei o que você pediu! Agora, vai embora!
Eu já lhe dei o que você pediu! Agora, vai embora!
Qual a forma correta ?
Desde já,
Muito Obrigado.
A pergunta de nosso leitor diz respeito ao uso dos pronomes oblíquos átonos e à conjugação do verbo no imperativo.
Os pronomes utilizados estão corretos; devemos, no entanto, atentar para a pessoa verbal a que eles correspondem e, neste caso, o uso foi equivocado. O pronome TE (ou ti) corresponde à segunda pessoa e LHE corresponde à terceira.
Observe que há uma mistura de pessoas no terceiro exemplo: “Eu já te dei o que você pediu”. O pronome TE foi associado ao pronome VOCÊ; deste modo, a forma correta deve ser “Eu já lhe dei o que você pediu. Agora vá embora!” ou “Eu já te dei o que TU pediste. Agora vai embora!”.
Atualizado em 03/0/2014
Essa regra do uso dos pronomes oblíquos átonos de terceira pessoa do singular para “você”, ainda que ratificada pela norma culta brasileira, reflete um anacronismo tipicamente lusitano, ainda que “justificado” sob o ponto de vista etimológico… Até hoje considerar “você” como pronome de tratamento, por conta de sua conhecida raiz histórica, ao invés de como pronome pessoal de segunda pessoa, por reconhecimento de como é comumente usado ao redor do país, demonstra o quanto a regra “culta” ainda carece de retificação e atualização.
Muito bom!
Diagnóstico conciso.
Faltou marcar em negrito que os verbos pediu e pediste também são flexionados, dependendo da pessoa.
Obrigado por complementar meu estudo de regência.
Força, foco e fé.
Essa foi uma explicação de “conversa de português”, não explicou nada, só nos apontou que, na nossa língua, as exceções deveriam ser as regras…
Muito obrigado pelo esclarecimento, felizmente é algo simples de entender.
Fugindo um pouco do assunto: sempre me senti um pouco desconfortável ao ver o pronome “você” sendo considerado como terceira pessoa.
OK, a conjugação do verbo com esse pronome segue o mesmo esquema dos verbos da terceira pessoa, mas colocar o pronome você no mesmo barco que “ele(s)” e “ela(s)”…
O “sentimento” que eu tenho quando uso o pronome “você” é o mesmo que eu teria se usasse o pronome “tu”.
Doravante NÃO!!! Era para eu escrever “Outrora”, buááááááááááá´! Viram que nada sei sobre esta língua que me obrigam usar!!!
Buáááááááá´, fico sempre confuso com essas explicações… Doravante, quase tive uma síncope ao obter uma reprovação em um concurso público justamente porque errei duas questões referentes ao uso dos pronomes “te” e “lhe”. Por que a língua portuguesa é tão flexível assim? Ó vida cruel, daria mil existências para que falássemos tupi-guarani… Ó grande e sinistro horror dos brasileiros; martírio para os letrados; castigo para os “limitados”…