Talvez, Vicente de Carvalho seja, para a maioria dos cariocas, apenas um bairro da Zona Norte; no entanto, Vicente Augusto de Carvalho é um dos principais poetas do Parnasianismo brasileiro.
Vicente de Carvalho nasceu na cidade de Santos em 5 de abril de 1866 e faleceu em São Paulo em 1924. Enquanto ainda era um estudante de Direito na capital paulista, publicou sua primeira obra, Ardentias. Aderiu fervorosamente ao movimento republicano e elegeu-se deputado da primeira Constituinte Paulista. Insatisfeito com a carreira política, deixou a vida pública em 1892 e passou a dedicar-se ao cultivo de café na cidade paulista de Franca. O reconhecimento literário chegaria apenas em 1908, ano em que Poemas e Canções – obra publicada originalmente em 1902- obteve sucesso de público. Pouco se sabe sobre a vida particular do escritor. Em 7 de maio de 1909, assumiu a cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras, como sucessor de Artur Azevedo.
O Parnasianismo deve seu nome à coletânea de poemas intitulada Parnase Contemporain, publicada em 1866, mesmo ano em que nasceu Vicente de Carvalho. A primeira coletânea reunia poemas de Gautier, Baudelaire, Verlaine, Mallarmé e outros que se destacariam também no movimento seguinte, o Simbolismo. No Brasil, o Parnasianismo foi inaugurado com a publicação de Canções românticas(1878), de Alberto de Oliveira, livro que, apesar do título, alude à mitologia greco-romana. Alguns autores apontam Fanfarras, de Teófilo Dias, como a obra precursora do Parnasianismo brasileiro.
São características parnasianas:
- Poesia descritiva.
- Preocupação estética com o metro, a rima.
- Utilização de motivos clássicos, como oposição à estética do Romantismo.
- “Arte pela arte”: a poesia deveria ser concebida como um fim em si mesma.
Soneto
Não me culpeis de amar-vos tanto
Mas a vós mesma, e à vossa formosura:
Que, se vos aborrece, me tortura
Ver-me cativo assim do vosso encanto.
Enfadai-vos. Parece-vos que, enquanto
Meu amor se lastima, vos censura:
Mas sendo vós comigo áspera e dura
Que eu por mim brade aos céus não causa espanto
Se me quereis diverso do que agora.
Eu sou, mudai; mudai vós mesma, pois
Ido o rigor que em vosso peito mora,
A mudança será para nós dois:
E então podereis ver, minha senhora,
Que eu sou quem sou por serdes vós quem sois.
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Fontes de pesquisa:
AZEVEDO, Sânzio. Roteiro da poesia brasileira: Parnasianismo. São Paulo: Global, 2006.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 33. ed. São Paulo: Cultrix, 1999.
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Obrigada! rs