A língua portuguesa é uma língua neolatina, isto é, originada da transformação do Latim, que apresentava essencialmente duas variedades linguísticas: a Clássica e a Vulgar. O Latim Clássico era destinado aos textos literários e aos discursos políticos, enquanto o Latim Vulgar era usado como língua familiar por todos. No texto publicado no blog, em 6 de novembro de 2008, dizíamos:
A língua latina teve sua origem na região do Lácio (Itália). Era a língua utilizada pelos romanos e apresentava dois aspectos: o clássico e o vulgar, que foram chamados pelos romanos de sermo urbanus e sermo vulgaris, respectivamente. A variação chamada clássica era destinada aos escritos literários, aos discursos políticos, conforme notamos nas obras de escritores como Cícero, e caracterizava-se pelo apuro gramatical. A língua vulgar (que, em latim, significa povo) era usada como língua familiar e pelas pessoas de pouca instrução da sociedade romana e, com a expansão territorial, por todo o Império Romano. Nesta categoria estavam os marinheiros, soldados, artífices, agricultores, barbeiros, homens livres e escravos sem a instrução das academias. Nesta variante estavam as gírias das várias profissões e os vocábulos incorporados por empréstimos linguísticos decorrentes das conquistas militares.
Ao originar a Língua Portuguesa, o Latim sofreu alterações fonéticas, sintáticas e semânticas. No primeiro tipo, pode-se observar o desaparecimento ou surgimento de fonemas no início, no interior ou no final da palavra; o segundo caracteriza-se pela ordem dos elementos na oração e a última verifica-se pela alteração de sentido na passagem do Latim ao Português. Vejamos alguns exemplos:
Transformações fonéticas, também chamadas de metaplasmos: acume > cume; malu > mau; dare >dar; stare > estar; stella >estrela; ante>antes; persona >pessoa; rotundo> rodondo > redondo; regno > reino; nec > ne> nem.
Podemos observar que algumas palavras sofreram alterações em Português, mas o mesmo não ocorreu com outras línguas neolatinas: dare, stare e stella ainda existem na Língua Italiana com o sentido original.
Transformações sintáticas. Na frase latina, a função sintática era indicada pela desinência, o que permitia maior liberdade na construção da frase. Vejamos, em latim, a frase A menina tem uma rosa :
Puella habet rosam.
Puella rosam habet.
Rosam habet puella.
Em Português, essa liberdade deixou de existir e a função sintática passou a ser determinada pela ordem das palavras na oração .
Transformações semânticas. Muitas vezes, na passagem do Latim ao Português, as palavras sofreram alterações na forma e no significado. Foi o que aconteceu com a “focus”, que designava “lareira” ou “fogão” e passou a “fogo”.
Leia também no blog:
Um pouco de história da língua portuguesa
História da língua – As línguas românicas