Entre 1870 e 1970, aproximadamente 26 milhões de italianos deixaram a península itálica para viver em outros países; ao migrarem para o continente americano usavam a expressão “fare l’America” que, traduzida literalmente, significa “fazer a América”. A expressão, no entanto, semanticamente, indicava o desejo de uma vida melhor longe da terra natal. Na Itália, o período foi chamado de “a grande emigração”. Para a língua portuguesa, esse momento representou a inclusão de vários empréstimos linguísticos.
A Revolução Industrial, no início do século XIX, provocou grandes transformações sociais (melhoria nos transportes, controle de doenças, aumento da capacidade produtiva) ao mesmo tempo em que provocou o alto desemprego dos trabalhadores rurais que se viram incapazes de competir com os grandes produtores. Deste modo, muitos não conseguiam pagar os impostos e acabavam por vender suas terras.
A emigração italiana coincidiu com o processo de abolição dos escravos no Brasil e a necessidade de contratar mão de obra para manter as lavouras brasileiras e o italiano fugido da miséria tornou-se esse trabalhador. Segundo o historiador João Fábio Bertonha (2005), entre 1870 e 1970, chegaram ao Brasil cerca de 1.500.000 de italianos.
Antes mesmo do movimento migratório, a língua italiana já estava espalhada pelo mundo, devido à influência daquela cultura nas artes (música, teatro, artes visuais). O contato dos brasileiros com os italianos também deixou uma rica herança para a língua portuguesa no Brasil. Embora a língua italiana não tenha alterado a estrutura sintática de nossa língua, emprestou-nos rico vocabulário.
São palavras italianas incorporadas à língua portuguesa: adágio, andante, ária, arpejo,bandolim, barcarola, camarim, caricatura, aquarela, contralto, maestro, madrigal, serenata, solfejo, sonata, soneto, soprano, tenor, trêmulo, trombone, violino, violoncelo; alarme, arlequim, artesão, bagatela, banquete, boletim, cantina, capricho, esquadrão, carnaval, mortadela, gazeta, grotesco, palhaço, pastel, pedestal, piloto, polenta, poltrona, porcelana, trampolim, macarrão, talharim, risoto, salame, salsicha.
Leia também:
África no português falado no Brasil
O que este grego está fazendo aqui?
Árabe na língua portuguesa
Fontes de pesquisa:
BERTONHA, João Fábio. Os italianos. 2.ed.São Paulo: Contexto, 2005.
COUTINHO, Ismael L. Gramática histórica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1999.
Daniel, você não leu o texto?
O que é que essas palavras tem a ver com a Imigração para o Brasil ??? já pertencem à lingua Portuguesa há muito mais tempo derivado às ligações proximas entre todos os Paises Europeus e já vieram com os nossos antepassados colonos Portugueses. O mesmo acontece com todas as palavras de origem Francesa abajour, biju, etc… Por isso é que existem em todo o mundo da Lusófonia de Timor até ao Brasil passando por Angola, Moçambique etc….
Tipico método das meias verdades que visa a colocar dois assuntos no mesmo artigo para transmitir uma ideia falsa.
Daniel, releia o texto. Ninguém disse que tais palavras não pertencem já à língua portuguesa. O que eu abordo é justamente o fato de palavras que, inicialmente eram apenas empréstimos linguísticos, terem sido incorporadas ao idioma. Sobre esse assunto, sugiro a leitura de material acadêmico sobre a história da língua.