Literatura Sala de Aula

Sala de aula – Modernismo brasileiro

image Tarsila do Amaral. Abaporu. 1928. Presenteado a Oswald de Andrade

Sala de Aula é  uma coluna   publicada  no  blog e o  objetivo  é compartilhar  uma  parte de minhas aulas para alunos do primeiro e  do terceiro ano do Ensino Médio. Na estreia da coluna,  eu publiquei  um  resumo  sobre  Vanguardas Europeias;  hoje, trago a Primeira Geração  Modernista.

A primeira fase do Modernismo aconteceu de 1922 a 1930, época em que surgiram diversas revistas de arte: Klaxon (1922), Estética (1924), A Revista (1925), Madrugada (1925). Ao mesmo tempo, surgiram também grupos de escritores com propostas inovadoras para a literatura.

Klaxon foi a primeira revista a circular após a Semana de Arte Moderna. Foi publicada em nove edições de maio de 1922 a janeiro de 1923. A palavra klaxon, de acordo com o dicionário Aurélio, significa “buzina de automóvel”; a proposta do movimento era fazer barulho no mundo das artes e anunciar as novidades.

Movimentos lançados nos primeiros anos do Modernismo brasileiro:

Movimento Pau-Brasil Lançado em 1924 por Oswald de Andrade. Exaltava o presente e a redescoberta do Brasil. Na área da linguagem, combatia a linguagem retórica e vazia.

Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta Liderado por Cassiano Ricardo e Menotti Del Picchia. Recusava o contágio das ideias européias e propunha o nacionalismo de modo ufanista. A partir de 1926, passou a ser chamado de Grupo da Anta, animal mítico para a cultura tupi.
Movimento Antropofágico Lançado com a Revista de Antropofagia, foi desdobramento do Movimento Pau-Brasil.

Leia um trecho do Manifesto Antropofágico:

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.
Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupi, or not tupi that is the question.

[…]

A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura – ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo– a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.
Conversa com  os  alunos:
Leitura  do  texto “Pronominais”, de  Oswald de Andrade. Debate  sobre a proposta modernista de contestação de padrões estéticos e  linguísticos.
Pronominais
Oswald de  Andrade

Dê-me um cigarro
Diz  a  gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e  o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem  todos  os  dias
Deixa disso  camarada
Me dá  um cigarro.

Normas de colocação dos  pronomes  oblíquos átonos na  variante determinada pela gramática  normativa.

Fontes de pesquisa:
AMARAL, Emília; FERREIRA, Mauro; LEITE, Ricardo. Novas Palavras. 2. ed.São Paulo: FTD, 2003.

TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo brasileiro. 17.ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

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Andréa Motta

Professora de Língua Portuguesa , Literatura e Formação do Leitor Literário no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro.

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